Guerra das vacinas: Vitória da ciência
Por Alexandre Costa (*)
“É o germe da política, que como hoje, infecta, divide e priva a sociedade das verdadeiras soluções dos seus problemas.”
O conflituoso e confuso momento vivido pelas das autoridades brasileiras no combate à COVID-19, tanto na hora de adquirir as vacinas disponíveis como em conceber e implementar um eficiente plano de vacinação para enfrentamento da maior emergência sanitária da nossa história, demonstra o total despreparo e desrespeito à população no combate à doença.
Tamanho descaso não é um fato novo na nossa história. Logo no início do século passado, o Brasil viveu situação semelhante quando o obstinado e jovem médico sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917), em 1904, motivou o presidente Rodrigues Alves (1848-1919) a aprovar no Congresso Nacional a lei da obrigatoriedade da vacinação em todo território nacional. Cruz, recém empossado chefe da Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), que tinha a missão de enfrentar a febre amarela, a peste bubônica e a varíola, já estava convicto que somente com uma campanha de vacinação em larga escala poderia debelar as epidemias que grassavam por todo o país.
E foi nesse mesmo ano,1904, ao implantar esse amplo processo de vacinação obrigatória que a então capital federal, Rio de Janeiro, se tornou palco de umas maiores rebeliões populares da história do país contra uma medida sanitária. A revolta da vacina, como ficou conhecida, deixou a cidade despedaçada com prédios incendiados, bondes virados, um caos que resultou num saldo de 30 mortos, mais de 100 feridos e quase 1000 pessoas presas.
A revolta popular não foi motivada somente pela obrigatoriedade da vacinação e pelas amplas e profundas reformas urbanas que mudaram a face do Rio de Janeiro, que estavam sendo executadas na época pelo o seu então operoso prefeito do Distrital, o engenheiro Pereira Passos. A exemplo dos dias de hoje, foi o viés político como pano de fundo que desencadeou a grande revolta. Na verdade, como sempre ocorre na política, a rebelião foi usada pela oposição como pretexto para um golpe de Estado visando depor o presidente Rodrigues Alves. É o germe da política, que como hoje infecta, divide e priva a sociedade das verdadeiras soluções dos seus problemas.
Enquanto nossas autoridades batem cabeças, já infectadas pelo viés ideológico visando o pleito de 2022, não sabemos exatamente (até a conclusão desse texto) ainda que tipo vacina vamos usar, nem como e nem quando. Já os chamados países de primeiro mundo como EUA, Reino Unido, Europa, Emirados Árabes e Canadá avançaram e aprovaram suas vacinas e já iniciaram um maciço programa de vacinação de todas as suas populações.
Enfim, chegamos ao fim do tenebroso e angustiante ano de 2020 marcado pela vitória da ciência, que na guerra desigual contra a COVID-19 conseguiu em 11 meses (a poliomielite consumiu 47 anos) um feito inédito: Entregar para o mundo os cinco primeiros imunizantes com alto grau de eficácia. Pelo menos até hoje, a humanidade venceu.
(*) Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, empresário, presidente da CDL Cz, diretor da Fecomércio PB e membro da ACAL.
Cajazeiras, dezembro de 2020
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