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Maria do Carmo

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Flâmula verde e amarelo

18/11/2022 às 18h06

Coluna de Maria do Carmo - imagem ilustrativa

Por Maria do Carmo

Entre história e respingos de opinião se delineia a Bandeira do Brasil, o primeiro Símbolo Nacional, marco de uma nova era de estabilidade no país com a Proclamação da República em 15 de Novembro 1889. Movimento este, galgado por um processo de luta de brasileiros que desejavam viver num o país livre do império português. Por conseguinte, foi oficializada a Bandeira Nacional da República Federativa do Brasil, mesmo tendo sua origem raízes pessoais do imperador, contudo a mesma no transcorrer dos fatos ganhou significações amplas na trajetória histórica de uma colônia para um país de regime republicano.

O desejo de ter uma bandeira estava presente na alma dos brasileiros, entretanto, vários projetos de bandeiras foram elaborados “antes” e “após” a Proclamação da República, ambos não oficializadas e vetadas pelas estruturas do poder, porém houve muitos esforços em favor da causa. É contraditório em relação ao que está acontecendo nos últimos anos, quando Pavilhão Nacional Brasileiro vem sendo desrespeitado, nos atos antidemocráticos nos quais a noção de patriotismo é desfeita. A Bandeira Nacional Brasileira representa toda a sociedade brasileira cujo símbolo indica os avanços nas concepções políticas e no entendimento dos valores democráticos e resistência no enfrentamento ao domínio monárquico. A bandeira, é um símbolo máximo de uma nação, laço em comum de expressividade de um povo com a mesma história, cultura e língua e instrumento resultante de mentalidades evoluídas.

Com o golpe que derrubou a monarquia e conquistado regime republicano apoiado pela  população, quatro dias após a república ser proclamada, o presidente provisório Marechal Deodoro da Fonseca, assina o Decreto nº 4 de 19 de novembro de 1889, oficializando a atual Bandeira Nacional Brasileira em substituição a bandeira imperial. O projeto da Bandeira Brasileira foi  criação dos positivistas Raimundo Teixeira Mendes com a colaboração de Miguel Lemos, Manoel Pereira e Décio Vilares. A Bandeira Brasileira é uma simbologia do Brasil relacionada ao momento político após a independência em 1822, a proclamação da república em 1889 somada às ideias positivistas, as descrições astronômicas, a criatividade artística além das interpretações populares.

Na reinterpretação do novo modelo republicano, o retângulo verde representa o patrimônio ambiental brasileiro através das matas e a rica floresta brasileira, o losango amarelo as riquezas do país inclusive mineral, a esfera azul as águas dos rios do Brasil e artisticamente o céu do Rio de Janeiro no dia da Proclamação da República 19 de Novembro, a faixa branca o desejo dos brasileiros pela paz, na explicação da astronomia a linha imaginária azimutal. As palavras “Ordem e Progresso” forma abreviada do lema positivista do francês Augusto Camte: o amor como princípio: as ações orientadas pelo o amor e vontade do sacrifício em benefício do outro e do bem comum; a ordem em oposição com a sociedade política propondo rupturas bruscas e violentas, o progresso: o destino da civilização baseada na ordem. ”Quanto mais amor e ordem mais progresso”.

Segundo afirmação dos astrônomos, há imprecisão quanto a posição das estrelas na bandeira em relação ao espaço sideral, prevalecendo mais uma orientação estética, porém o destaque para a Constelação do Cruzeiro do Sul tendo outras como: Escorpião, Triângulo Astral, Oitante, Virgem, Karina e outra. As estrelas representam os 27 estados do Brasil na versão original, tinha   21 estrelas inclusive o estado da Guanabara (1960 a 1975), com o Decreto de 11 de Maio de 1992, a Lei nº 8421 alterou o globo azul com a adição de mais estrelas correspondendo a criação do estado do Acre em 1968 e a inclusão do Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins em 1992.

Durante o período da Proclamação da República foram hasteadas bandeiras com significações de um país republicano; o projeto criado por José Lopes da Silva Trovão, usada pelo Clube Republicano foi a primeira bandeira hasteada no dia 15 de Novembro e entre os dias 15 e 19 de Novembro de 1889 foi a hasteada a bandeira proposta por Ruy Barbosa ambas parecidas com a bandeira dos Estados Unidos da América. O movimento republicano no Brasil foi influenciado pelo Americanismo: “Somos da América e queremos ser americanos” este ideal inspirou no modelo das bandeiras hasteadas no dia da Proclamação da República.   

Outras abordagens existem sobre a história das bandeiras brasileiras, o projeto de Júlio Ribeiro 1888, no qual propunha um pavilhão preto-branco e vermelho; cores representativas dos grupos da população brasileira (índios, colonos europeus brancos e os negros africanos-escravos), sintetizando o verdadeiro sentido do pavilhão nacional transmitindo a identidade do Brasil nas origens da sua história. E assim outros projetos foram elaborados: o de José Maria da Silva Paranhos Junior (1890), de Antonio Silva Jardim (1890), de Oliveira Valadão (1892), de Floriano Peixoto (1892) de Eurico de Góis (1908), Venceslau Escobar (1908), Eurico de Góis (1933). Os modelos de bandeiras rejeitadas por Deodoro da Fonseca serviram de base para as atuais bandeiras dos estados de: Sergipe, Goiás e Piauí.

Na condição de colônia de Portugal não existia bandeira, a primeira bandeira do Brasil, pertencia ao império português uma vez que com a independência em 1822, o Brasil deixou de ser colônia a passou a ser um estado fazendo parte do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves devido a transferência da corte portuguesa para o Brasil. O retângulo verde, losango amarelo e a esfera azul foi criação do pintor francês Jean Baptiste Debret inspirados nas bandeiras utilizadas nas tropas militares francesas do período da revolução Francesa. Com a criação da República no Brasil houve uma mudança imediata provisória na Bandeira Imperial do Reino Unido na qual foi substituído a coroa por uma estrela vermelha símbolo republicano do século XI.

As marcas da monarquia portuguesa ficaram presentes na Bandeira Nacional Brasileira; a geometria dos desenhos as cores verde, amarelo, azul e branco que tinham relação com a história de Portugal e pertenciam ao estandarte pessoal do príncipe português e primeiro monarca brasileiro. Mesmo Marechal Deodoro da Fonseca satisfazendo o gosto de D. Pedro I com a permanência das cores e formas da bandeira imperial; a manifestação de orgulho da nação brasileira com os patriotas e republicanos de outrora, revolucionárias, transformadores e autores de uma nova identidade nacional.

Saudações à Bandeira da Pátria Brasileira com seu hino composto por letra de Olavo Bilac e melodia de Antonio Fernandes Braga. “Salve lindo o pendão da esperança/ Salve símbolo o Augusto da paz/Tua nobre presença lembrança/A grandeza da Pátria nos traz. Recebe o afeto que se encerra/ em nosso peito juvenil/ Querido símbolo da terra/ Da amada terra do Brasil! ”.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 18 de Novembro de 2022


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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