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Adjamilton Pereira

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Flagrantes da cidade

13/01/2011 às 18h37

De repente, caminhar pela cidade torna-se um exercício de perícia, habilidade e permanente risco de vida. A cidade cresceu, é um fato inegável. E muitas de suas ruas, estreitas e sinuosas, revelam-se inadaptadas para o crescente fluxo de veículos, muitos originários da própria cidade e tantos outros que, cotidianamente, são atraídos pela atividade comercial e pelos serviços que a urbe oferece.

Mas os perigos diários que as ruas cajazeirenses representam trazem outra natureza. São frequentes e abusivamente disseminados por toda a cidade os amontoados de material de construção, além de resíduos e dejetos que entulham calçadas e ruas, entravam a acessibilidade e obrigam pedestres a dividirem as ruas com veículos. São raras as construções que adotam as caçambas removíveis para depósitos de entulhos. Quase nenhuma construção da cidade guarda o material de construção em seu interior. Ostensivamente, apropriam-se das calçadas. E impunemente obstruem as passarelas de pedestres por meses a fio.

Outro perigo que desafia a paciência e o bom senso são os assíduos desníveis que caracterizam calçadas em quase todas as ruas da cidade. Sem nenhum controle urbanístico e negligenciando qualquer norma de convivência e acessibilidade, sobretudo, para quem, temporária ou permanentemente, enfrenta problemas de locomoção, as rampas ou elevações em calçadas deixam, em muitos dos casos, obstáculos de quase um metro. Imaginem um deficiente visual, um idoso, um cadeirante que careça se locomover pelas ruas da cidade?

Por fim, o mais desbragado dos absurdos. Ruas centrais da cidade são interditadas por vários dias para a montagem dos equipamentos para a realização de um show particular. Ou seja, as ruas da cidade são privatizadas, moradores das vizinhanças são incomodados, sobretudo, pelo barulho de sons no dia do evento. Carros são desviados. Caminhar entre barras de ferro e tralhas é um exercício necessário para quem deseja ir a banco, correios, farmácia. Tudo soando com a naturalidade dos carnavais, dos comícios e das festas populares. E ninguém se apercebe que parte da cidade foi privatizada apenas para deleite de alguns e promoção política de poucos. O poder público, conivente com a situação, oferece toda a infraestrutura, interditando trânsito, reforçando iluminação, intensificando policiamento. E todos aplaudem como a legitimar a velha máxima romana de que o povo se contenta com pão e circo.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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