Entre cães e gatos
Apesar de ser uma questão polêmica e delicada a presença de uma significativa quantidade de cães e gatos nas dependências do Centro de Formação de Professores, Campus da UFCG, em Cajazeiras, traz para a cena uma discussão sobre a histórica e, nem sempre, harmoniosa convivência entre os homens e os animais, sobretudo, aquelas espécies que, ao longo do processo de desenvolvimento do homem enquanto ser pensante, foram sendo domesticados e utilizados como tração, como alimento e como objeto de estimação.
A presença destes animais no CFP é contemporânea da própria existência do Campus. Em alguns momentos, em tempos idos, também assistimos outras espécies da fauna, como bois, porcos e caprinos, dividirem o espaço com docentes, servidores e alunos. Eles chegam, de maneira discreta, trazidos por pessoas que, pelos mais diversos motivos, abandonam os animais ao sabor da própria sorte. No CFP encontram abrigo e proteção de alguns docentes, de outros servidores e alunos e passam a partilhar conosco corredores, passarelas, bancos.
A discussão assume a proporção da intransigência quando, defensores e opositores da presença dos animais no Campus, não conseguem, de maneira desapaixonada, discutir uma alternativa para a questão, sobretudo, quando se considera ser este espaço um campo para o desempenho das atividades profissionais de professores e funcionários e um espaço de aprendizagem escolar e política para os alunos e que, entre todos esses segmentos, se equivale a proporcionalidade entre os que gostam e os que não toleram esses animais circulando livremente, enroscando em suas pernas, espichando os olhos para teu lanche ou, simplesmente, abanando o rabo na expectativa de um carinho e um afago. Outro aspecto que nem sem é ponderado nesse debate é que este não é um campo de estudo das ciências veterinárias e, portanto, não se justifica a presença e a convivência de tantos animais neste território.
Não podemos desconsiderar ainda que, historicamente, são abundantes as manifestações de afinidade e reciprocidade entre homens e bichos. De cães que preservam a fidelidade ao seu dono mesmo após a morte deste. De gatos que pressentiram tragédias naturais e conseguiram salvar a vida daqueles com quem mantinham laços de cuidado e afeto. São também fartas as expressões de carinho que esses animais revelam quando são cuidados com zelo e sem violência. Na mesma proporção, são também férteis as referências a animais que revidam ao desprezo e os maus tratos que recebe dos humanos.
Discutir como conviveremos com cães e gatos no CFP e quais encaminhamentos devem ser operacionalizados para que, amanhã, não mais tenhamos que retomar essa discussão e, mais uma vez, presenciarmos episódios de intolerância e indelicadeza entre defensores dos bichos e opositores de sua presença neste espaço.
Em nome de minhas gatas Lala, Lamparina e Ofélia, desejo que este debate seja produtivo e que o lado mais frágil dessa história, ou seja, os cães e gatos, não seja o perdedor deste embate.
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