Ensino técnico: uma saída para o Brasil
Por Alexandre Costa – Escrevi aqui mesmo neste espaço vários textos criticando acidamente o medíocre nível da educação brasileira [Educação capenga 28/09/23; Geração de Párias 20/12/22] que me deixou “pra baixo” com os rumos da nossa educação e suas gravíssimas implicações com as gerações futuras que me causou um tamanho desalento que fiz um secreto propósito comigo mesmo que não mais viria abordar esse tema.
Eis que me deparei com um contundente e revelador estudo que me devolveu o alento e a esperança com o futuro da educação no Brasil me fazendo quebrar aquele meu propósito secreto. Falo do estudo realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Instituto Unibanco e o Itaú Educação e Trabalho que traz boas novas para aqueles 24% da jovem população brasileira, entre 18 e 24 anos, que por nem estudarem e, nem trabalharem foram maldosamente alcunhados de “Geração Nem-Nem”. Uma imensurável tragédia na educação e no mercado de trabalho que incorporou na sociedade brasileira uma verdadeira geração Párias.
Esse estudo do INSPER mostra que nem tudo está perdido e que podemos virar este jogo ao constatar que o Ensino Técnico Profissionalizante é uma das saídas para claudicante educação brasileira. Os números divulgados apontam isso: em meio à onda de gastança perdulária do poder executivo o Ensino Técnico Profissionalizante é o investimento público mais rentável do Brasil. Para cada R$ 1,0 investido no ensino médio de nível técnico, o profissional dessa área, depois de formado, terá um retorno de R$ 3,0 no seu salário que implica numa remuneração, 32%, maior que a renda daqueles que possuem apenas o ensino médio regular.
Esse mesmo estudo comprova ainda o Ensino Técnico Profissionalizante é a porta de entrada de jovens sem experiência para o mercado formal de trabalho: alunos egressos de centros de ensino técnico de nível médio têm 5,5 pontos percentuais mais chances de entrarem no mercado formal de trabalho em comparação com os trabalhadores sem qualquer formação. É o sonho distante sendo realizado de ter logo no primeiro emprego a carteira de trabalho assinada, algo impensável há pouco tempo no Brasil.
Esse é apenas lampejo de esperança com os rumos da educação dos nossos jovens. Ainda apresentamos números sofríveis a serem superados: no Brasil apenas 11% dos alunos de 15 a 19 anos estão matriculados no ensino médio de nível técnico enquanto nos países da OCDE este percentual atinge 65%, e o mais grave, 40% desses alunos não conseguem concluir o curso.
A saída está diante dos nossos olhos, outro recente estudo do instituto Itaú Educação e Trabalho mostra que se triplicarmos a oferta do Ensino Médio Técnico no Brasil teremos um aumento do nosso PIB em 2,32%.
A solução para hipertrofiada educação brasileira não passa pela falta de dinheiro, investimos 6,5% do nosso PIB neste setor, percentual superior a países ricos da Europa cuja média de investimento chega 5,5%, o que nos falta é planejamento estratégico, gestão eficiente e vergonha na cara.
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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