Energia solar suplanta a eólica
Por Alexandre Costa – Inexplicável a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de voltar a cobrar, a partir desse mês, a sobretaxa da bandeira tarifária amarela na conta de luz dos brasileiros, um inconveniente desembolso adormecido desde abril de 2022. A justificativa pouco convincente da ANEEL de previsão de chuvas 50% abaixo da média histórica até o fim do ano não condiz com a explosão na geração de energias renováveis na nossa matriz elétrica que atualmente já registra oferta maior que a demanda.
Os números são robustos que provam cabalmente que está sobrando energia no Brasil. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que no último mês de março atingimos a marca de 190 gigawatts de capacidade instalada e só chegamos a consumir em maio 47 GWH. Hoje, o mercado brasileiro de energia possui duas vezes capacidade produtiva para o seu consumo médio.
Na verdade, vivemos um boom no setor de energias renováveis fruto de uma “briga” do bem que desencadeou uma competição acirrada movida por maciços investimentos em infraestrutura e em tecnologia de ponta para consolidação de duas fontes de energia, a eólica e a solar.
Somente em 2023, a participação das renováveis na nossa matriz energética chegou a 89,2%; somente a geração solar contribuiu com 50,6 bilhões de kWh, um crescimento espantoso de 68,1% atingindo uma capacidade instalada de 37,843 MW, um incremento de 54,8% em comparação ao ano de 2022.
Essa explosão de crescimento na geração solar deveu-se à queda de preços das placas fotovoltaicas no mercado internacional e o aumento vertiginoso da geração centralizada em grandes parques, além das residências e empresas em telhados.
Já na outra ponta, a geração de energia eólica começa apresentar graves sintomas que está perdendo a competição com a solar. A Aeris Energy, fabricante de pás eólicas no complexo do Pecém, no Ceará, iniciou o ano anunciando a demissão de 1500 funcionários. Não foi um caso isolado. Em dezembro, a Torres Eólicas Nordeste, em Jacobina-BA, também fechou suas portas denotando claramente que algo deu errado no setor.
O baixo custo e a praticidade da implantação da geração solar fizeram os investidores pisarem no freio e reverem seus projetos em novas plantas eólicas. Sem novos investimentos, evidentemente sem novas encomendas, a cadeia produtiva do setor como pás, turbinas, rotores e torres simplesmente colapsou. Estudos mostram que para energia eólica ganhar sobrevida no Brasil vai depender da produção de offshore [aerogeradores instalados no mar] para atender uma futura demanda para geração de Hidrogênio Verde (H2V).
Mesmo com energia sobrando, por que será que a nossa reguladora insiste em desafiar a lei da oferta e procura aplicando o famigerado sistema de bandeiras tarifárias? Especialistas no setor denunciam que a causa da volta das bandeiras tarifárias não está na escassez hídrica que força a caríssima operação de termelétricas, e sim nos fortes subsídios para transmissão de energia e os indecifráveis penduricalhos cobrados na conta de luz do sofrido consumidor brasileiro. Pura tapeação!
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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