É preciso tesão para governar
Administrar não é fácil. Requer paciência, dedicação, interesse, perseverança e muito mais. Por isso, o tesão é fundamental. Sem esse pressuposto, o gestor público corre o risco de fracassar. Ou entrar no bloco da mediocridade. Aliás, um imenso bloco. É bem verdade que muitos são tidos e havidos como bons gestores, mesmo sem exibir o requisito essencial do tesão.
A história da Paraíba abriga governantes que se notabilizaram pela garra no desempenho da missão, em especial, quando essa missão nasce do mandato conferido pelo voto direto. Nem todos ostentam a forma como Ricardo Coutinho se conduz nestes primeiros passos à frente do governo do Estado. Amigos meus, próximos a Ricardo, não se surpreendem com sua conduta até aqui. Por quê? Porque o conhecem de perto, em particular, da experiência na prefeitura de João Pessoa. Afirmam que é incansável, respira trabalho e dele se alimenta, e com isso contagia seus auxiliares na alegria de ver as coisas acontecerem ou na firmeza de cobrar-lhe a realização das tarefas de cada um. Dizem que Ricardo é assim.
Entre seus antecessores, talvez João Agripino tenha sido o governador mais aproximado do perfil do gestor tesudo. Advogado, metia-se a dar aulas de pavimento aos engenheiros do DER, tal era seu empenho em afirmar-se como administrador determinado em dotar a Paraíba de boas estradas. Às vezes, até extrapolava com naturalidade, sem arrogância, me disse um ex-secretário, saudoso, a lembrar gestos do Mago de Catolé. O tesão em governar o fazia passar horas a fio em despachos ou audiências públicas recolhendo, com interminável paciência, dados, sugestões, queixas, reclamações, intrigas que, para isso, sempre existe uma voz disposta a ecoar… Falo de 50 anos atrás, do jeito da época nos limites da tecnologia então aplicada.
Hoje, a paciência do gestor assume outras feições, se exerce na esteira do orçamento participativo que propicia o contato coletivo e direto com a comunidade. Ou no âmbito interno do governo, com a ajuda do computador a ampliar tabelas e imagens num telão para que os auxiliares vejam no andamento das ações de governo as razões dos avanços e dos atrasos. E ali mesmo tomar decisões corretivas. Tudo em equipe. Assim opera, por exemplo, o governador Eduardo Campos. Tem dado certo, administrativa e eleitoralmente. Para agir dessa maneira, o gestor precisa ter vontade. Vontade que finda por transbordar para a equipe.
Dito assim, parece que eu reduzo tudo ao tesão para governar. Nada disso. Administrar bem exige muito mais. Além do requisito da honestidade, é necessário que o gestor tenha visão estratégica para repartir com a comunidade, traduzi-la em prioridades, além de mobilizar recursos materiais, financeiros, tecnológicos e, sobretudo, uma equipe ou, pelo menos, um núcleo básico escolhido a dedo e ajustado aos objetivos estratégicos. Sem isso, o tesão se esgarça nas intrigas do poder. E sem tesão não se governa bem.
E em Cajazeiras? A gestão de Leonid Abreu merece abordagem específica. Na próxima semana, quem sabe, retornarei ao tema respaldado em dois anos de governo e seguidas mudanças de secretários municipais e outros auxiliares.
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