E o mundo nem acabou…
O mundo não acabou no dia 21 de maio, com queria o lunático Harold Camping. Em torno do planeta, seguidores e simpatizantes do fim pediram demissão dos empregos, sacaram suas economias das contas bancárias e doaram seu dinheiro à Family Radio, seita norte-americana. Um deles, Robert Fitzpatrick, gastou US$ 140.000 (cento e quarenta mil dólares), postando em outdoors advertência sobre o juízo final.
Em alto e bom som, grupos ateus de todo o mundo zombaram – antes, durante e depois do frustrado evento – dos “crentes desamparados que colocaram toda a sua fé no líder da Family Radio”.
O pior ainda está por acontecer: “linhas de suicídio foram criadas para ajudar os verdadeiros crentes que tiveram sua fé arrasada por causa da previsão de Camping” é o que propaga “The Christian Post”, um dos maiores veículos de comunicação cristã dos Estados Unidos.
O mais curioso é que esta não é a primeira vez na história em que algum “adivinhão” chuta o dia do “arrebatamento”.
Religião é pra isso? É licito manipular desta forma a fé das pessoas?
As previsões de Camping e as críticas dos inimigos da fé, longe de nos levar à conclusão de que a religião aliena, devem nos conduzir a reflexões a respeito da idoneidade, da prudência, da formação e mesmo da sanidade mental de muitos dos que se afirmam líderes religiosos. E aqui, antes que me acusem de cerceamento da liberdade religiosa ou de expressão, afirmo que sou ferrenho defensor destes dois princípios.
Na Holanda, um dos países mais liberais do mundo, para ser pastor, o indivíduo tem que ter feito, ao menos, o curso de teologia. No Brasil, infelizmente, nenhuma exigência. A proliferação de seitas, muitas delas imbuídas apenas de intenções mercantis, fazem um estrago incrível.
Será suficiente para comprovar o que digo ligar a TV em alguns horários, em que espertalhões aparecem como “apóstolos”, “profetas”, “bispos”,”evangelistas” e muitos outros títulos a alienar (esta sim, alienação) o povo simples (não necessariamente pobre), que vive à busca de milagres, conformando-se docemente em encher os bolsos destes senhores e senhoras.
Até quando pagaremos para sermos enganados? Camping já vai anunciar um novo dia para o Fim do Mundo. Quem quiser que acredite.
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