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Edivan Rodrigues

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Dilma e as caveiras de burro

11/06/2012 às 00h27

Parece que enterraram caveiras de burro em obras públicas: rodovias, ferrovias, linhas de metrô, portos, aeroportos, prédios públicos e outras mais neste Brasil que se moderniza aceleradamente. Uma maldição. Pior ainda, elas, as caveiras, invadem o setor privado, responsável também pelo atraso de muitos empreendimentos ligados à produção. Isso não é novidade, dirá o leitor. Mas em meio à crise mundial e à vista de possíveis saídas para o Brasil, nossas caveiras de burro adquirem feição dramática. Por quê? Porque a crise lá fora provoca a queda da demanda de matérias primas e bens intermediários produzidos no Brasil, exigindo a adoção de estratégia dirigida para ampliar o mercado interno de forma estrutural, capaz de compensar, parcialmente, a retração existente no resto do mundo. Em crises anteriores, medidas conjunturais, como a redução do IPI incidente sobre artigos de consumo, (veículos e eletrodomésticos), eram suficientes para ativar a economia. Agora o peso desse estímulo já não produz resultados duradouros, pois a demanda reprimida, antes notória e ampla, em boa parte foi atendida, de tal modo que providências tópicas, como baixar artificialmente o preço de carros servem para esvaziar pátios de fábricas sem, no entanto, gerar novos empregos e renda adicional capaz de impulsionar a economia.

Que fazer? Desenterrar as caveiras de burro. As da Delta Construtora em particular. O início do século 21 viu nascer grandes obras, envolvendo bilhões de reais: metrô de superfície, construção de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hospitais, escolas, barragens para geração de energia elétrica, integração de bacias fluviais, refinarias de petróleo, obras viárias urbanas e um sem número de outros investimentos em todas as regiões brasileiras. Hoje, muitas delas andam em passos de cágado: duplicação da BR 101, transposição do Rio São Francisco, Transnordestina, Refinaria Abreu e Lima, metrô de Fortaleza, Recife, Salvador. Só para citar alguns exemplos de grandes obras aqui no Nordeste. Nas demais regiões, a pisada é a mesma. Verdadeira maldição.

Quando Dilma Rousseff assumiu a presidência da República, criou-se uma expectativa favorável. Ora, no governo Lula, a “mãe do PAC”, a ministra responsável pelo acompanhamento dos principais projetos, desenvolvia suas tarefas com rigoroso controle, o cronograma de execução física e financeira sempre à vista, Dilma a exigir pressa e explicações, a ponto de ser, pejorativamente, chamada de gerentona. Que azar! Passado mais de um ano de seu mandato, o panorama não mudou. Para cada atraso, existem motivos, bem sei. Difícil, porém, aceitar justificativas fajutas, sobretudo porque na maioria dos casos, é questão de vida e morte acelerar os investimentos para ajudar o País a enfrentar com sucesso a crise mundial, cujo término constitui enorme desafio até mesmo para os mais argutos especialistas. Talvez Dilma esteja precisando de alguém com perfil semelhante ao seu, para dividir a ingente tarefa de desenterrar as caveiras de burros espalhadas por toda a parte. Quem sabe, a presidente Dilma encontre já, já sua Dilma.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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