Da arte de ser pessoa
Cruzei com algumas pessoas por estas bandas da vida. Umas, inspiradas pelo sentimento de amargor e frustração, fizeram das minhas fragilidades um joguete. Domerei uns dias para superar as ondas de auto-flagelação e baixo-estima decorrentes dessas relações.
Cruzei com pessoas de coração brando e sorriso alvo, gente de alma, de olhar nos olhos, de dar bom dia beijando as mãos, de acrescentar mais um prato à mesa. Estas, sem dúvidas, moveram os versos de Caetano: gente é pra brilhar, não para morrer de fome.
Cruzei com sujeitos arrogantes e cheios de si, cuja carência estampada nos olhos causava pena. Sujeitos os quais não cumprimentavam o porteiro, mas sendo o assunto “direitos”, os primeiros da fila.
Cruzei com aqueles aparentemente cordiais, afáveis e livres para amar; nos bastidores, contudo, verdadeiros vampiros – não estes pálidos e bonzinhos dos filmes americanos. Vampiros hábeis em sugar emoções, minar convicções, destruir o próximo e a si mesmo por não conseguir domar sua própria natureza.
Cruzei com os senhores do silêncio, ante uma fala e outra: sopros de mistérios. Cruzei, por outro lado, com aqueles adoradores de microfone, excelentes na arte da prolixidade e invenção.
Em cada esquina desta, cruzei também com um pouco de mim, mosaico de experiências que sou. São nestes cruzamentos – e se confundir com cópula, tudo bem, vale a metáfora – que imprimo a minha personalidade: vim para ser e ser consiste em aprender, ademais, detalhes do ofício.
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