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Edivan Rodrigues

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Crônica para o leitor

12/05/2009 às 23h07

Por Francisco Cartaxo

Nunca se sabe qual é a reação do leitor às opiniões emitidas. Para ser mais sincero, quase nunca sei. Às vezes, sem mais nem menos, ela chega viajando em carta entregue pelo correio ou via internet ou na mal disfarçada emoção da voz ao telefone. A que mais me tocou veio na voz já cansada de Francisco Pereira Nóbrega, após ler dois artigos nos quais falei do padre e do livro “Vingança, não”. Outras vezes, surge de papo rápido em encontro casual ou em conversa mais demorada de mesa de bar. Qualquer que seja o meio, é sempre bom saber o que pensa o leitor. Quem escreve sonha com isso, embora o ato de escrever seja por si mesmo tarefa de imenso prazer. Pelo menos para este cronista.

Por que essa lengalenga hoje? Para dizer que a nostálgica crônica “O rádio do major Galdino” (GAP, nº535, 13/03/09) causou emoção. Bateu e voltou. Chegou de Campina Grande em mensagem eletrônica assinada por José Epaminondas Braga, um auto-exilado na Borborema, o coração preso a Cajazeiras, onde nasceu e começou a criar a família e só saiu da terra para vencer na então capital econômica da Paraíba, no auge da cultura algodoeira. Pois bem, o que para mim foi a sangria de prosaica recordação da infância, produziu em Epaminondas o efeito assim descrito por ele mesmo:

“Você e Zé Antônio, quando deixam temas econômicos e das ciências econômicas, escolhem temas para ferir os corações telúricos dos saudosistas incuráveis. Foi o caso mais recente com a evocação não muito remota do rádio do major Galdino, assunto que me remeteu aos meus oito anos de idade, quando eu vinha da zona rural montado num jumento com cangalha para entregar leite na cidade grande. E, ao chegar na ponte, sentia-me orgulhoso em contemplar a única caixa d’água elevada nos jardins do casarão dos meus padrinhos Galdino e Cartuxinha. Relembro ainda que em uma noite de Natal, em companhia de meus pais, esperando a hora da Missa do Galo avistei meu padrinho em frente ao cinema de João Bichara e eu muito encabulado arrisquei-me a pedir-lhe a benção. Ele segurou minha mão, tirou uma moeda de mil réis do bolso do colete e pediu a uma amigo para trocar. Em seguida, deu-me uma moeda de cruzado (quatrocentos réis) que ainda guardo como lembrança… se a tivesse colocado na poupança…”

José Epaminondas Braga nasceu no mesmo dia e ano em que nasceu Celso Furtado: 26 de julho de 1920, exatos dez anos antes do assassinato do presidente João Pessoa, no Recife. Campina Grande o adotou como filho. Comerciante aposentado, acompanha o progresso da cidade. E de sua filha Mércia e dos três filhos, entre os quais, o até bem pouco tempo secretário de Turismo da Paraíba, Roberto Braga, e o ex-deputado João Braga, que por um triz não foi eleito prefeito do Recife.

Quem o encontra, passo miúdo, fala mansa, gestos cometidos, magro e rijo, riso fácil, jamais pensaria que está prestes a completar 89 anos de vida intensa. E a saúde? Ora, é só seguir à risca a dieta para diabéticos e me submeter aos cuidados de Mércia, o anjo da guarda. Vida longa, saudosista incurável!

P S – Dedico esta crônica ao leitor que elogia, ao que não aceita as posições aqui assumidas, ao que reclama ou xinga e também ao que lê. Simplesmente lê.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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