Combustíveis do Futuro
Por Alexandre costa – Na solenidade para sancionar a Lei do Combustível do Futuro (PL528/2020) na Base Aérea de Brasília nesta terça-feira (08) ocorreu algo surreal, inimaginável para um evento se fosse promovido pela inciativa privada, uma tremenda saia justa para o governo federal que tem dificuldade em diferenciar claramente o que é intenção e o que é realidade.
No protocolo desta pomposa solenidade prestigiada por 16 ministros políticos e autoridades, estava previsto, e amplamente divulgado, um voo com uma aeronave utilizando um destes combustíveis do futuro, o SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação), que simplesmente não aconteceu por um único motivo: a empresa AZUL, proprietária do avião, simplesmente não conseguiu comprar o SAF para realizar o tão sonhado “voo verde”.
Um vexame que poderia ter sido evitado se o chefe do protocolo presidencial fosse avisado que este inovador tipo de combustível ainda não está sendo produzido no Brasil em escala industrial. O que ficou do evento, além da boa intenção da lei promulgada, foi à imagem patética do presidente Lula autografando a fuselagem de um avião que não saiu do chão.
Carro-chefe da transição energética no Brasil para estimular a economia circular e reduzir a pegada de carbono, os combustíveis renováveis agora com esta lei dá um passo para sua consolidação com um novo regramento que em três programas distintos que disciplinam sua produção e comercialização: o do Diesel Verde, o do Biometano e o de combustível sustentável para aviação (SAF), criando também o marco regulatório para a captura e estocagem de carbono além de permitir o aumento de percentuais da mistura do etanol a gasolina, saindo de 22% até 35% e do biodiesel ao óleo diesel atingindo 20% desta mistura em 2030.
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Na verdade, trata-se de um projeto ambicioso que prevê investimentos na cadeia produtiva do setor na ordem de R$ 260 bilhões, aliado a redução de emissão de 705 milhões de toneladas de dióxido de carbono no meio ambiente.
Durante o evento o presidente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Francisco Turra, comemorou a sanção da nova lei: “uma medida que vai redefinir a história do desenvolvimento sustentável do Brasil”.
Críticos desta lei alertam que os Combustíveis do Futuro pode ser um tiro no pé gerando benefícios zero para o meio ambiente: o Diesel Verde e o Saf, por exemplo, utiliza na sua produção, sebo de boi e óleo de soja, insumos originários da carne bovina e da soja, que impactariam numa demanda exponencial pelo uso da terra e consequentemente num possível desmatamento desenfreado. Um grande dilema que nos remete a um eletrizante debate nacional: seria o programa Combustível do Futuro uma grande roubada?
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