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Renato Abrantes

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Choro e Alegria

02/10/2008 às 00h00

Noite de 28 de setembro de um ano da década de ’80 do milênio passado. Numa pequenina casinha, situada na rua paralela à Felismino Coelho, em Cajazeiras, o silêncio era rompido por um choro infantil dos mais estridentes possíveis. Minha mãe acabara de dar à luz uma menina e voltava para casa, com meu pai. Era o terceiro filho do casal. O primeiro morreu com três meses de vida, Neudo (anjinho que está no céu a olhar e interceder a Deus por nós), eu, que “herdei o título da primogenitura” (sem precisar gastar um prato de lentilhas, como Jacó), e, agora, Rogéria. Edson viria em 1986.

À época, na minha ingenuidade, pensei que nunca mais naquela casa se poderia dormir. O choro incomodava, ou era o sentimento de ter ido “pra debaixo da cama”, uma vez que todas as atenções de meus pais se voltavam para a “caçula”? Afinal, tinha apenas quatro anos de vida. Não sei, só sei que a primeira noite não foi tão agradável. Contudo, o tempo foi apaziguando o relacionamento entre nós, de modo que, tão viva em minha memória quanto esta primeira noite, a lembrança do primeiro aniversário de Rogéria não se apaga. Talvez ajudem nisto algumas fotografias que minha mãe guarda como relíquia. Nós somos os seus tesouros.

Ela era uma fofura, e começava a sentir orgulho de ser irmã de “Rogerinha” (diminutivo carinhoso outorgado por Tia Maria). Saudável, não lembro de episódios que mereçam a menção.

Começando a estudar em “tia Carmelita”, fui incumbido pela minha mãe de ser o seu guardião, o seu protetor, e creio ter cumprido fielmente esta missão. Nunca atravessava a rua sem que Rogéria estivesse segurando em minha mão. Afinal, não apenas sentia orgulho dela, como também os outros começavam a sentir. Ela atraia as atenções de todos, pela sua inteligência e pela sua simpatia.

O tempo foi passando, e chegou o momento da primeira grande decisão da minha vida, entrar no seminário, em 1995. Rogéria foi crescendo, não tanto em estatura, pois sempre foi baixinha (e uma baixinha “invocada”), mas em sabedoria. Carmelita tornou-se sua madrinha e, creio, teve a preocupação de passar para ela o gosto pelos estudos e a responsabilidade no trato com as coisas e com as pessoas.

Mesmo fora de casa, evidentemente, nunca deixei de acompanhar os acontecimentos de minha família. Rogéria foi crescendo e logo mostrando a que veio a este mundo. Engajou-se no movimento dos focolares e no grupo de coroinhas da nossa paróquia (Fátima), e foi-se desenvolvendo no sentido social.

Precocemente, passou no exame seletivo de pedagogia da UFCG, onde se graduou e especializou-se em pedagogia. Contudo , demonstrando inquietação, logo foi admitida na turma pioneira de enfermagem da Santa Maria, logo nos seus primórdios. E, com maestria, soube conciliar duas áreas científicas tão distantes, mas tão próximas. Bacharelou-se em Enfermagem, está, atualmente, concluindo uma lato sensu (atendimento em UTI) e pleiteando uma stricto sensu. É docente da Faculdade Santa Maria, em Cajazeiras, e enfermeira assistencialista, no Hospital Infantil de Cajazeiras. Em ambas as instituições, demonstra amor pelo que faz, nunca deixando lacunas no que faz. Já salvou muitas vidas.

Realmente, eu tinha razão naquela noite de 28 de setembro de 1983. Ninguém mais naquela casa dormiria. Não pelo choro, mas pelas alegrias que A MINHA IRMÃ daria a todos nós, ao longo de sua trajetória. E espero ter cumprido e estar cumprindo minha missão de guardião.

05 de outubro de 2008.

Votemos com responsabilidade e honestidade, no livre exercício da democracia!

Paz e Justiça.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

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