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Adjamilton Pereira

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Cenas cotidianas IV

02/12/2010 às 15h43

Uma notícia nos chega pelos veículos de comunicação. Um grande hospital de uma expressiva cidade de São Paulo deixa de atender aos pacientes, muitos dos quais percorrendo grandes distâncias e enfrentando graves problemas de saúde. A interrupção dos atendimentos traz uma explicação que, de tão imponderável, beira as franjas do irreal: um armário onde estavam armazenados prontuários médicos havia emperrado e os funcionários não conseguiam destravá-lo para que os médicos tivessem acesso as informações anteriores que caracterizam o quadro evolutivo dos pacientes.

Outra informação me chega através de uma pessoa amiga que trabalha em um órgão público na cidade de Cajazeiras. Diante das freqüentes fraudes de alguns servidores que, por artimanhas mil, burlam a prestação de serviço a população, usando de estratagemas como doenças imaginárias, assuntos pessoais de solução improrrogável, a chefia da instituição decide que todos os servidores devem comparecer ao trabalho. E, neste cenário, os episódios dantescos se anunciam. Pessoas com sérios problemas de saúde e clinicamente respaldadas em atestados médicos que comprovam incapacidades temporárias ou permanentes, são levados a subirem lances de escada, com o sacrifício da própria saúde, apenas para comprovar a assiduidade ao trabalho. Trabalho esse que se revela inócuo diante da impossibilidade de quem pretensamente o executa.

Emoldurada por uma paisagem natural deslumbrante que lhe rendeu o epíteto de Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro convive, há décadas, com o poder paralelo que nasce da contravenção do jogo do bicho e se refina nas quadrilhas belicamente equipadas com os fartos e ilícitos recursos do tráfico de drogas. Acuada e assustada a cidade assiste, com recorrência, a manifestação desse poder paralelo através de variados e violentos episódios, como os contemporâneos arrastões que, assumindo o controle temporário de ruas e vias públicas, deixam um rastro de medo, destruição e morte. Espremidas entre o pânico individual e a morosidade do Estado em empreender ações concretas, permanentes e exitosas para combater essas quadrilhas, as pessoas comuns se recolhem em suas neuroses cotidianas, individualizando-se entre muros altos, cercas elétricas, circuitos de monitoramento e receios de sociabilidades.

Diante de tais fatos, quais comentários são possíveis ou oportunos? O que a sensibilidade e a sensatez humanas podem produzir de ponderações diante de situações que beiram o imponderável? Responda quem ousar de coragem!
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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