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Alexandre Costa

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Cassinos digitais

08/10/2024 às 20h34

© Bruno Peres/Agência Brasil

Por Alexandre Costa – Ao ler estarrecido o detalhado estudo do Banco Central (BC) apontando a farra dos beneficiários do Bolsa Família nas casas de apostas espalhadas por todo país, de mediato me veio à cabeça uma celebre frase atribuída a Tim Maia: “Um país onde prostituta tem orgasmos, cafetão se apaixona e traficante se vicia, não tem como dá certo”.

Morto há 26 anos, o nosso velho Tim, um icônico cantor de MPB do século passado que se notabilizou pela sua postura de transgressor contumaz e pelo seu acido sarcasmo, com certeza iria tirar um sarro desta escabrosa história, de usar dinheiro publico de um importante programa social de transferência de renda, para irrigar as empresas de apostas online as chamadas bets.

Somente no mês de agosto passado 5 milhões, dos 20 milhões beneficiários do programa Bolsa Família torraram em plataformas de apostas online, via  Pix, R$ 3 bilhões dos R$ 14 bilhões repassados para o Bolsa Família. A divulgação destes frios e alarmantes números, inseridos no estudo do BC, foi um grave alerta para o governo e uma tapa na cara da sociedade brasileira atestando cabalmente a desmoralização e total desvirtuamento de propósitos do principal programa brasileiro de enfrentamentos aos nossos gravíssimos desníveis sociais.

O problema não só se restringe somente ao Bolsa Família. O buraco é mais embaixo. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que de junho de 2023 a junho de 2024 os brasileiros já gastaram R$ 68 bilhões em jogos, algo que corresponde a 0,62% do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Cerca de 22% da renda disponível das famílias brasileiras foi consumida em apostas no ano passado que além de ter impactado fortemente nos indicies de inadimplência no país gerou uma queda na estimativa de faturamento no setor varejista de 11,2%, um prejuízo em torno R$ 117 bilhões, caso perdure a farra das bets.

Outro levantamento da XP investimentos mostra números ainda mais preocupantes: em 2018 o volume de anual de apostas no Brasil girava em torno de R$ 4 bilhões, hoje esse valor já supera a barreira dos R$ 100 bilhões. Importante lembrar que as apostas esportivas eram proibidas no Brasil até o advento da Lei 13.756/18 que liberou os jogos online no Brasil no governo Temer em 2018 e agora foi recentemente complementada pela Lei 14.790/2023 que ainda aguarda uma regulamentação do Congresso Nacional.

O descaso do Governo Federal e do Congresso para estabelecer um regramento desses Cassinos digitais, atividade gerou essa zorra instalada no País que além de desestabilizar a nossa economia estimula lavagem de dinheiro para financiar o crime organizado desencadeou um gravíssimo problema de saúde pública que afeta crianças, jovens e as camadas mais pobres que se tornaram reféns da jogatina.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Alexandre Costa

Alexandre Costa

Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Fecomercio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

Contato: [email protected]

Alexandre Costa

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Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Fecomercio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

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