Carta aberta a Eudoro Santana

Coluna de Francisco Frassales Cartaxo - Na foto: Eudoro Santana, ex-deputado estadual e pai do atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT) - crédito da foto: reprodução: focus.jor.br

Por Francisco Frassales Cartaxo – 

Meu caro Eudoro

Nos últimos meses venho prestando atenção a sua movimentação política no Ceará, à frente do diretório estadual do PSB. Faz um tampão que a gente não se vê nem se fala. Pelo visto, você continua o mesmo. Sério, aplicado, encarando os fatos com realismo e firmeza. Penso que você não lembra quando nos falamos pela primeira vez. Você assinava, acho que no jornal O Povo, coluna dedicada a assuntos estudantis. Eu o procurei para noticiar uma bobagem qualquer ligada à política interna da Faculdade de Direito. Confesso, são recordo se você divulgou!

Tempos depois nos reencontramos na Bahia.

Você engenheiro da Petrobras, casado com uma filha de meu ex-professor Sobreira Amorim, e eu noivo de Helena, que tinha sido aluna de Ermengarda na Universidade Católica de Salvador. Nossa convivência durou pouco. O golpe de 1964 o defenestrou da estatal e eu vim para o Recife, onde tivemos encontros esporádicos, você diretor da Cerâmica do Cariri S A e eu na Sudene. Nossas idas e vindas nos aproximaram, de novo, em Fortaleza, já então à sombra do PMDB, chefiado por Mauro Benevides. Lembra? Na época em que Helena se envolveu numa incursão eleitoral, dois anos antes do precoce falecimento.

Chega de nostalgia!

Essa lengalenga, amigo, é para dizer que você não mudou. Erra quem pensa ser você apenas o pai do governador Camilo Santana, hoje ministro da Educação, para sorte do governo Lula. O carrancudo Eudoro, sempre firme na defesa de boas ideias, carrega a lucidez que falta a muita gente e faz imensa falta ao Brasil! Mais ainda, agora, diante de insensata intolerância, do ódio, de confrontos ideológicos desfocados, da incapacidade de separar o essencial do secundário, valores permanentes dos eventuais.

Você continua o mesmo, meu caro Eudoro.

Ouvi sua fala domingo, dia 4, em Fortaleza, quando ao Partido Socialista Brasileiro filiou dezenas de prefeitos, centenas de vereadores que migraram com Cid Gomes. E deputados federais e estaduais? Virão depois que a Justiça autorizar, você informou à mídia, e não é apenas do PDT, mas também de outros partidos.

Apesar da idade, você está forte, como pude ver e ouvir nas redes sociais. Que maravilha! Prestando mais um adjutório ao projeto democrático brasileiro, único caminho para suplantar terríveis obstáculos, inclusive no combate eficaz ao crime organizado, uma peste espraiada até mesmo no amado Cariri e no meu querido sertão paraibano.

Boa sorte, companheiro. Recomende-me a Ermengarda.

Forte abraço de Cartaxo Rolim.

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras

Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

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Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]