Carta a Dilma Rousseff
Talvez seja ousadia minha, mas a emoção de ter, com meu voto, contribuído para a eleição da primeira mulher presidente do Brasil me permite o atrevimento de escrever estas poucas e más traçadas linhas a Dilma Rousseff.
Inicialmente, senhora presidenta, gostaria de manifestar meu contentamento com sua preocupação, expressa em seu primeiro pronunciamento, com a condição da mulher. Palavras que revelaram o reconhecimento de que, em seu governo, as políticas de promoção da igualdade feminina e de valorização de direitos e deveres isonômicos entre homens e mulheres serão adotadas como ações de governo e, desse modo, com a força e a possibilidade concreta de transformar realidade e mudar mentalidades.
Senhora presidenta, a sinceridade que conseguimos abstrair em seus vários pronunciamentos nos transmite a segurança de que as políticas de promoção social, de distribuição de renda e de garantia de sobrevivência para os despossuídos serão incrementadas. Neste cenário, milhões de brasileiros continuarão superando a degradante condição de ocupantes da escala inferior da linha de pobreza e, em nosso caso, não mais veremos se repetir o degradante espetáculo dos saques e das procissões de flagelados ossudos e calcinados pela fome.
Senhora presidenta, como professora de uma instituição federal de ensino superior trago também a esperança de que nossos salários continuarão sendo valorizados e reajustados dentro de padrões dignos e compatíveis com nossas necessidades humanas e profissionais. Acredito que a expansão das instituições públicas de ensino superior irá ter continuidade levando possibilidade a um contingente maior de brasileiros de ter o sonhado diploma. Além disso, acreditamos que não será interrompida a política de valorização das universidades que, atualmente, apesar das visíveis deficiências, estão recuperando a condição de produção de saber e de exercício qualificado de atividades profissionais.
Senhora presidenta, acredito ainda que em seu governo veremos se consolidar as políticas de segurança e de saúde tão necessárias a um país que, contrapondo-se ao crescimento econômico, ainda vive aterrozidada com a insegurança e padece nas filas de instituições públicas de saúde, humana e tecnicamente pouco aparelhadas. Que se reduzam, até o limite do imperceptível, os relatos de mortes por falta de atendimento, pela ausência de leitos, pela sobrecarga de profissionais médicos que, em muitos casos, são forçados ao exercício da loteria da vida.
Senhora presidenta, sei que estas más traçadas linhas não chegarão ao seu conhecimento. Mas expressam, mesmo assim, a alegria pela sua eleição e o desejo de que, como mulher, a senhora seja tolerante e, ao mesmo tempo, implacável com o sofrimento que ainda entristece muitos brasileiros. Que a façanha histórica de sua eleição seja a certeza de um governo de justiça e promoção da vida.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário