Brasil: um cemitério de obras públicas
Por Alexandre Costa
A vinda do presidente Bolsonaro nesta quinta-feira (29) para assinatura da ordem de serviço para início da construção do último trecho do Eixo Norte do PISF-Projeto de Integração do Rio São Francisco, denominado ramal do rio Apodi (Cajazeiras/PB-Angicos/RN) culminando com a perspectiva real de conclusão dessa tão sonhada obra, me instigou a uma breve reflexão sobre as obras públicas inacabadas no Brasil.
Iniciada em 2007 pelo ex-presidente Lula com o pomposo nome de “Transposição do São Francisco”, essa obra, a exemplo de várias outras, tornou-se pela sua magnitude e peculiaridades um símbolo maior do descalabro que representa a grande maioria das construções de obras públicas no país. Imperou a falta de planejamento, desvio de verbas, vícios de construção, focos de corrupção que provocaram afastamentos de construtoras gerando interrupções e atrasando a sua conclusão por quase dez anos redundando em quase cinco vezes a mais o valor inicial do seu orçamento.
Os números assustam. Dados da Comissão Especial de Obras Inacabadas do Senado Federal apontam que as perdas totais com obras inacabadas no Brasil, financiadas diretas ou indiretamente com recursos federais chegam à soma de R$ 1 trilhão. O setor elétrico está com 70% de obras inacabadas ou atrasadas. Segundo o TCU-Tribunal de Contas da União (dados de 2018) das 38 mil obras federais em andamento no Brasil, orçadas em R$ 144 bilhões, 14 mil estão paralisadas. Acredite! Ainda tem obras para Copa do Mundo de 2014 para serem concluídas. Neste cipoal ainda estão inclusas as obras da ferrovia Transnordestina e as duas campeãs mundiais do desmando público, a COPERJ e a Usina Nuclear Angra III.
Das 10.666 obras do famoso PAC-Programa de Aceleração do Crescimento, as meninas dos olhos dos governos, Lula e Dilma, quase 5 mil ficaram abandonadas pelo caminho, inclusive a do São Francisco que o atual presidente “teima” em concluir. Esse desleixo do governo do PT deixou para trás uma conta de R$ 135 bilhões em obras não concluídas.
Ao insistir em concluir o PISF e outras obras de governos passados inclusive as do PT, seu arqui-inimigo, o presidente Bolsonaro dá uma prova cabal que está quebrando paradigmas no trato e na condução de obras públicas no país. Em termos de governança pública é uma postura corajosa e elogiável que representa um avanço para reverter esse cemitério de obras espalhadas pelo brasil. Mas será que terminar “obras dos outros” rende votos? Isso veremos somente em 2022.
Cajazeiras, junho de 2021.
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