Bizé: uma Bandeira que continua no topo do mastro
A cidade de Cajazeiras, neste último dia 04, perdeu um dos seus filhos mais ilustres, pertencente às raízes de uma das famílias mais tradicionais e que muito contribuiu para o desenvolvimento econômico, político e social de nosso município.
Bizé Bandeira (José Bandeira de Melo) nasceu em Cajazeiras no dia 15 de julho de 1918 e viveu 99 anos, 3 meses 20 dias. Era filho de Sebastião Bandeira de Melo e Ana Olindina Braga e deste primeiro casamento tinha mais dois irmãos: Gutenberg e Francisca e das segundas núpcias com Dona Elisa Bandeira nasceram Mauricio, Marinete, Marizete, Margarete e Murilo.
Bizé era casado com Dona Laura Cartaxo de Melo (filha de Zé Cartaxo da Veneza), que carinhosamente a chamamos de Rosemira, oficiado no civil pelo juiz Antonio do Couto Cartaxo e teve como testemunhas Dr. Severino Cordeiro de Sousa e Álvaro Marques e o enlace religioso foi na Capela de Nossa Senhora Auxiliadora, realizado pelo Padre Bartolomeu e foi o primeiro a ser feito nesta capela, há setenta anos, no dia 12 de setembro de 1947.
Desta união nasceu Sidney Cartaxo, de quem fui colega nos bancos do tradicional Colégio Diocesano Padre Rolim, formado em Medicina e trabalha em São José dos Campos, no estado de São Paulo; Ana Cartaxo, economista e reside em Brasília; Suzana Cartaxo, normalista e reside em Fortaleza e Wellington formado em Administração e reside em Fortaleza. Os filhos lhes deram oito netos todos formados. Bizé trabalhava e Rosemira orientava e encaminhava os filhos para os colégios e faculdades, como atualmente faz com os oito netos e os três bisnetos.
Bizé foi um laureado, com direito a um Diploma, assinado pelo Ministro da Agricultura em 1979, como Produtor Modelo, pelo seu empenho no setor agropecuário, retirando do solo da Mata Fresca (hoje coberta pelas águas do Açude Lagoa do arroz), Aroeira, Ingá e Sossego, propriedades encravadas nos municípios de Bom Jesus e Ipaumirim (CE), onde produzia algodão, milho feijão e pastagens para engordar o rebanho.
Bizé também enveredou pelos caminhos da política partidária e foi candidato a vice-prefeito e eleito em 12 de outubro de 1947, num processo direto, obtendo 1.796 votos, contra Acácio Braga Rolim que obteve 1.352 votos e venceu as eleições com uma maioria de 444 votos, enquanto o candidato a prefeito Arsênio Rolim Araruna venceu apenas com uma maioria de 126 votos, tendo como oponente Manoel Cavalcante Lacerda. Foram 1.396 a 1.270 votos.
Membro de tradicional família cajazeirense, Arsênio Rolim Araruna assumiu a Prefeitura Municipal em 30 de novembro de 1947, cumprindo o mandato de quatro anos, que se encerrou em 30 de novembro de 1951. É considerado, até hoje, como um dos administradores mais íntegros da história política de Cajazeiras. O zelo com a coisa pública ainda hoje é lembrado como a grande marca da sua passagem pela Prefeitura de Cajazeiras e Bizé Bandeira, também tendo assumido interinamente o cargo de prefeito, fez parte desta profícua e honesta gestão.
Bizé, nas eleições de 1951, decidiu se candidatar a vereador pela UDN (União Democrática Nacional), mas não conseguiu se eleger e obteve apenas 89 votos (1,67%) do eleitorado. Mesmo sem mandato não deixava de se envolver com as questões político partidárias da cidade.
Era um cidadão extremamente pacato, não se alterava com nada e era um freqüentador habitual do calçadão da Rua Tenente Sabino, onde se encontrava diariamente com seus velhos e queridos amigos Eudes Cartaxo e Nestor Braga, para jogar conversa fora e fumar “sem tragar” um cigarro atrás do outro.
Lamentavelmente, nem o Poder Público Municipal e muito menos a Câmara Municipal, durante as suas exéquias, não lhe prestaram nenhuma homenagem e só tardiamente divulgaram uma Nota de Solidariedade.
Para nossa amiga Rosemira, seus filhos, netos e bisnetos a nossa solidariedade, na certeza de que nos degraus do tempo Cajazeiras reconhecerá a história de lutas e conquistas de Bizé, uma Bandeira que continua hasteada nos corações de seus amigos.
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