Avalanches de retrocessos no país verde-amarelo
Por Maria do Carmo
Com a pandemia da COVID-19 ficou evidente a outra pandemia: a fome, o desemprego, a inflação, o desprezo à ciência, a inércia de um grupo de deputados federais e senadores e os comandados do governo federal. O país está mergulhado numa grande crise social, econômica, política e de ataques ao cientificismo. É uma situação conflituosa causadora de um estado de tensão na “brava gente brasileira”
As dificuldades financeiras nas famílias causadas pela pandemia da COVID-19 tornaram as mesmas numa situação agravante e em outras; a instalação da verdadeira miséria. As vivem com o salário mínimo se espremem no orçamento doméstico para garantir as despesas do mês, as de subempregadas perderam seus empregos e os autônomos faliram nas pequenas empresas. Os moradores dos pequenos cômodos alugados; hoje a alta dos aluguéis, empurrou os mesmos para a rua nas barracas improvisadas vulneráveis a todo tipo de insegurança e doenças; alguns fazem um bico (na linguagem popular), que não garante nem a despesa da alimentação, ficando à mercê de marmitas doadas pelas instituições de caridade e voluntariados.
Na proporção que a inflação sobe, o poder de compra dos brasileiros fica cada vez mais reduzido, os itens da cesta básica estão desaparecendo e o carrinho do supermercado está ficando cada vez mais vazio em relação ao mês anterior; uma vez diminuindo os gêneros alimentícios cresce uma população mal alimentada, desnutrida propícia às doenças causadas pela debilitação. Para completar o pacote, há muitas famílias que voltaram a cozinhar com lenha e outras nos fogões comunitários em conseqüência da alta no preço do gás, esta realidade deixa claro que certas famílias ainda podem resgatar o seu padrão de vida, enquanto outras ficarão eternamente na rua da amargura sem perspectiva de uma vida digna de se viver.
Enquanto isso um ministro da economia na defensiva do governo federal tem o falso discurso de que a inflação está controlada, quando o próprio governo não se preocupa com o aumento na base monetária, gastando muito sem controle fiscal acontecendo a desestabilização no controle do dinheiro em circulação no país. O Banco Central equilibra o funcionamento da economia através de alterações das taxas de câmbio; outro caminho seria as negociações entre governo e Banco Central a fim promoverem uma política monetária cambial estabelecendo um valor fixo para o preço do dólar respeitando lei de oferta e demanda. Só falta o interesse do maior representante do país.
Outra realidade de muita estranheza se configura nas atitudes do Ministro da Saúde numa linha de entendimento regressivo frente à importância da ciência nas decisões sobre a ineficácia dos medicamentos para o tratamento da COVID. Sendo o então ministro da Saúde um acadêmico em medicina e especialista em cardiologia entra em contradição ferindo a sua própria ética como pessoa e profissional da saúde. A fala da principal autoridade do país ligada ao ministério da Saúde como também seus posicionamentos em relação à pandemia são de péssimo exemplo. Isto está influenciando negativamente os fanáticos e alienados resultando numa grande número de pessoas não imunizadas causando a grande onda da COVID-19 no Brasil. Uma autoridade que deveria ser o mentor em defesa das vacinas e da prevenção da saúde e da vida, está fugindo das suas responsabilidades como principal autoridade frente ao Ministro da Saúde.
Em se tratando sobre a importância da participação científica em defesa de uma alimentação sadia para as pessoas, aconteceu a controvérsia com a aprovação na Câmara Federal com larga maioria de votos dos senhores deputados, o Projeto de Lei que defende a liberação dos produtos agrotóxicos para ser utilizado na lavoura com o nome de Pesticida. A PEC do veneno assim denominada, é mais um desmonte da sociedade científica quando afasta a importância da FIOCRUZ, do Instituto do Câncer na da re-análise dos agrotóxicos, evitando o impacto do veneno no organismo das pessoas. Este projeto estabelece um prazo de apenas dois anos para aprovação das análises quando antes era de cinco anos e concede autonomia ao registro provisório de agrotóxicos feito através do Ministério da Agricultura.
No Brasil existe a preocupação com a promiscuidade na fabricação de produtos agrotóxicos que não comprovam a sua eficácia, trazendo sérias conseqüências para as futuras gerações uma vez que os mesmos podem causar problemas hormonais, reprodutivos, alterações genéticas e vários tipos de câncer. Há na câmara dos deputados federais um projeto para ser aprovado no qual sugere a política nacional de redução de agrotóxicos no solo tornando a alimentação segura uma vez que a mesma é fonte de nutrição e essencial à vida. É de suma necessidade a participação do Ministério da Saúde, Ministério do meio Ambiente e instituições laboratoriais nas análises e normas técnicas para a liberação dos produtos utilizados na lavoura, combatendo os insetos sem prejudicar a saúde de quem se alimenta com os gêneros cultivados no meio rural.
É um cenário de realidades às claras com um grupo de representante da câmara federal preocupados com elaboração e aprovação de projetos de lei cuja finalidade é atender seus próprios interesses. A PEC do Veneno é mais uma tentativa de adequar a legislação à desconstrução da proposta do governo federal, o governo da destruição. Por outro lado, uma grande massa de brasileiros que perdeu seu poder aquisitivo cujo resgate não vai acontecer num passo de mágica e passada a pandemia, a problemática ficará por traz da cortina do esquecimento e os mais prejudicados são os mais carentes. A postura da principal autoridade da saúde pública brasileira é assustadora estimulando o povo ao desrespeito no tocante às medidas sanitárias e adesão às vacinas.Toda a esta situação provoca insegurança e revolta nesta população eclética na qual muitos têm olhos críticos enxergando a problemática deste imenso Brasil.
Professora Maria do Carmo de Santana
Cajazeiras, 22 de Fevereiro de 2022
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