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José Antonio

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Andando na cidade pelas ruas do passado

25/10/2024 às 20h07

Coluna de José Antonio. (Imagem: reprodução/cajazeirasdeamor.blogspot.com).

Por José Antonio – Esta semana resolvi fazer uma caminhada pelas ruas da cidade e visitar alguns locais que frequentava nos meus tempos de adolescente. Coisa mesmo de quem precisava se afastar do corriqueiro, do lugar comum e do cotidiano que muitas vezes a vida nos impõe.

Passei pela Praça Coração de Jesus, conhecida também por Praça dos Carros, e vi que ali não existe mais o velho “trapiá” que fazia sombra para os motoristas dos jipes, que eram alugados para as corridas das madames e dos boêmios, que frequentavam o baixo meretrício da estrada de Jatobá.

Entrei no velho mercado público, construído por Arsênio Rolim Araruna, em 1950, para beber caldo de cana, que em outras eras era chamado de “garapa”, e vi que ali já não existe mais a barraca de Dona Conceição, onde se comprava banana maçã, casca verde e babona trazidas dos sítios do município.

Passei pela Praça Presidente João Pessoa e não encontrei mais a sorveteria de Chatô que fabricava o famoso picolé “doce e gelado” de essências de frutas nem o “refresco” de morango; não encontrei os cartazes do Cine Éden, de Carlos Paulino, com as propagandas dos filmes da semana, mas tive a impressão de ter visto na calçada “Bigodinho” vendendo cavaco chinês e dona Francisca, rolete de cana caiana, e Toinho, raspando gelo para colocar num copo com melaço de essência de baunilha.

Não encontrei na praça o “Café Asa Branca”, que se fosse hoje seria lanchonete, onde costumava beber uma bananada com pão passado e leite pingado, e muito menos a loja de Mozart Assis, que vendia passagens aéreas, da Varig, com destino a diversas cidades do Brasil. E as Casas Pernambucanas, que vendia tecido e ditava a moda das moças bonitas da cidade; não vi mais, junto ao paredão do açude, a casa do motor da luz, tão bem descrito em uma crônica premiada, por Luís Carlos, filho de Dr. João Izidro.

Que pena, a padaria de Zeca, na esquina da Padre Manoel Mariano, que foi deputado, com a Padre José Tomaz, que foi nosso primeiro prefeito, onde as famílias desta terra compravam o pão de cada dia, já não existe mais e dos velhos tempos resta na esquina da frente a Casa Norte, que antes era de Rosendo Bastos, hoje é de Zé Adelgides, conhecido por Zé do Rádio.

Na padre José Tomaz temos a lembrança da Sorveteria de Walmor, com seu famoso picolé de cajá, o Cine Pax, a casa de Sebastião Bandeira de Melo, a Praça do Espinho e o cemitério Coração de Maria, inaugurado em 1866. O velho “Ferro de Engomar”, famoso cabaré da cidade, que ficava colado à parede do cemitério, foi fechado pelo boêmio e frequentador prefeito Otacílio Jurema, por “imposição” de Frei Damião e das beatas da cidade.

No início da Juvêncio Carneiro, a Casa Moderna, de Seu Chiquinho, pai de Dr. Dingo, não vende mais os botões e as belas rendas, fitas e “cianhinhas”, que enfeitavam os encantadores vestidos das belas e sedutoras mulheres cajazeirenses. Esta rua foi palco durante décadas da feira da farinha, das casas comerciais de Luís Paulo, José Tavares e Trajano Lopes.

Saindo da Juvêncio Carneiro e passando pela Travessa Santa Teresinha, na esquina com a Rua Tenente Sabino, ficava a tipografia de Horácio Alves Cavalcante, figura querida e respeitada pela comunidade. Nesta rua ainda ficava os consultórios dos médicos Deodato Cartaxo e Otacílio Jurema, e o escritório de Dr. Zuca Peba, o homem rico da cidade e era quem “desapertava” o povo de Cajazeiras emprestando dinheiro. No final da rua a oficina de Expedito Cirilo era o “point” para consertar os Jipes e as rurais que Zé Cavalcanti importava de São Paulo.

Na Rua Padre Rolim, esta sim tem muitas histórias, que depois contarei, mas relembro que onde hoje está o IPEP, funcionava a prefeitura, o fórum, o cinema. Era o prédio mais histórico da cidade, em cujo frontão foi esculpido um enorme Brasão da República, sob a batuta do Mestre João. Foi no seu interior o julgamento de celebres crimes acontecido na cidade e muitos deles com a presença de Quintinho Cunha.  Foi criminosamente posto por terra para dar lugar a uma empresa telefônica, que hoje não fala mais para lugar nenhum.  Cansei. Depois voltarei às ruas de Cajazeiras.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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