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José Antonio

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Abraçando saudades

02/05/2022 às 16h42

Coluna de José Antonio - imagem ilustrativa

Por José Antonio

Em Cajazeiras, bem em frente à janela do meu quarto, tem uma frondosa e bela aroeira, nascida entre duas grandes pedras, que fazem parte do conjunto da conhecida “Pedra do Sapo”. São nas galhas desta aroeira que muitos pássaros gostam de pousar para cantar, mas me encantam, em especial, os bem-te-vis, que o sol ainda não desponta ao nascente e eles iniciam suas sinfonias.

Quando ouvia seus primeiros sons eu dizia pra Antonieta: escute aí, os bem-te-vis vieram cantar pra você; ela sorria e agradecia, muitas vezes com um beijo, outras com um abraço e muitas outras ela dizia: hoje eles vieram cantar para você e no silêncio da manhã reinava uma paz celestial.

Como uma ave migratória voei para outras paragens, para um lugar aonde sempre buscava alegrias e felicidades: um agradável recanto, em uma fazenda, encravada no Oeste Potiguar, que pertencia aos pais de Antonieta, hoje propriedade dela. Lugar onde nossos filhos viveram parte de sua infância, tomando banho de açude, andando a cavalo, comendo canjica, bebendo garapa e comendo bolão de rapadura na gamela do engenho, nos dias de moagem. Neste recanto éramos recebidos como “príncipes” pela minha inesquecível e querida sogra e madrinha de fogueira, Teresinha Emídio e seu esposo Chico Emídio, que aos 93 anos de vida, é exemplo de dignidade e honradez e que continua nos dando lições de vida e nos mostrando que o seu legado é símbolo de esperança e trabalho.

Para nossa felicidade aqui também encontrei outros pássaros, dentre eles galos-de-campina, que com o seu canto selvagem e dobrado nos encanta, ao pousar diariamente nos galhos de um pé de cajarana, em frente ao alpendre da casa, mas encho os olhos com os constantes “fregueses” de um pé de pinha, em frente à janela do meu quarto, aonde saboreiam seus deliciosos frutos e as rolinhas fazem seus ninhos e logo vejo os “bruguelos”, que do dia para noite já ficam empenados e voam, para em seguida já botarem novos ovos e lá se vem outra ninhada. Como a natureza é encantadora.

Até recentemente só conhecia a Asa Branca em cativeiro, mas aqui na Fazenda João Emídio tive a felicidade de vê-las em rebanhos voando livres e embelezando a natureza, bebendo água limpa da barragem e depois à sombra das catingueiras ficavam a arrulhar, junto com milhares de aves migratórias, conhecidas por “avoetes”, que são muita “caçadas” em diversas regiões do Nordeste.

Pássaros são criaturas de Deus, que levam mensagens, semeiam frutos, representam a mais sublime essência da liberdade e nos delicia e encantam com seus voos e cantos.

Enquanto existir pássaros em liberdade, os seus cantos e encantos, fazem ninhos em nossos corações e para onde seguimos, nós os conduzimos e os abraçamos com muitas saudades e estas lembranças me fazem buscar na memória do tempo, o tema da dissertação da minha prova de vestibular: “O homem tem asas e raízes e todas as suas contradições nascem daí”.

Viva o tempo e os pássaros, principalmente os que preferem os galhos mais finos das árvores para pousar e cantar, pois sabem que têm as asas como segurança para ir ao encontro do espaço, da liberdade, mesmo nos momentos de grandes tempestades.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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