A Mais Conhecida de Todas as Tragédias
1º ATO (Quinta-feira, noite): Após a ceia em que se dá como alimento no pão e no vinho, Jesus e seus discípulos vão ao Horto das Oliveiras, o Getsêmani, para ali rezarem e prepararem-se para o grande combate. O demônio, com seus exércitos infernais estão a postos prontos para isso. O sofrimento do Mestre se delineia entre o medo da cruz e o cumprimento à vontade do Pai. Ele sabe que a morte não triunfará para sempre, mas sua sangue, sabe que suas carnes serão rasgadas, suas faces serão traumatizadas, seus pulsos e pés serão cravados num madeiro impiedoso que há de sustentar o seu corpo. Contudo, isso não doerá tanto quanto as deserções daqueles que lhe eram tão próximos. Seus preferidos, os discípulos, um a um, covardemente, se afastarão do mestre e até o negarão, à exceção do discípulo amado. Por tal fidelidade, este receberá, em nome de toda a humanidade, sua querida matrona, Maria, por mãe. O Mestre despoja-se de tudo, até mesmo de sua mãe. Chega Judas com o beijo traidor. É a hora.
2º ATO (Quinta-feira, noite): Perante um tribunal incompetente, o Sinédrio, que não poderia ser reunido àquelas horas da noite e sem quorum, o Mestre, sem dizer uma palavra, submete-se à ação dos homens. Conflito de autoridades na terra. No céu, silenciosas como Jesus, as estrelas parecem brilhar menos ante a injustiça que está sendo cometida: o Senhor dos senhores subjugado sem direito a nenhuma defesa. Fora, ao relento, um dos seus, Pedro, inquirido pelos circunstantes nega três vezes conhecer aquele que estava sendo julgado. Judas, dependurado pelo pescoço, esquece que Deus é Misericórdia, e desespera. Condenado à morte, o prisioneiro passa noite de suplícios antes nunca vistos: açoites com flagelos romanos (aqueles que, ao menor toque, arranca um pedaço da carne), cusparadas em rosto, bofetões, chutes. Assim tratam o Salvador do mundo.
3º ATO (Sexta-feira, tarde): Pelo meio dia, impõem-lhe a cruz, para que ele mesmo carregue. Exangue e sem forças, cai três vezes sob o peso do madeiro. Um auxílio é necessário, senão o condenado morrerá antes de chegar ao local do suplício e, assim, não haverá diversão para ninguém. Um homem de Cirene ajuda o Mestre que, mesmo fora de si por causa de tanta dor ainda reconhece as mulheres de Jerusalém que choram por Ele, é grato a Verônica que lhe enxuga o suor inebriado no sangue do rosto. Calvário. É chegado o momento da grande batalha final.
4º ATO (Sexta-feira, tarde): Ao som de “meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”, o demônio, certo que vencera, enxerga ao longe a sua derrota. O que parecia o fim, na verdade era o começo de uma nova humanidade resgatada do pecado e devolvida ao Senhor da vida, pelo sangue derramado na cruz, pela morte redentora. Os céus e a terra se negam a testemunhar a morte do seu Criador; o véu do santuário se parte ao meio: um novo tempo começa para nós.
5º ATO (Domingo, madrugada): “Aquele que procuram entre os mortos não está aqui, Ele ressuscitou”. A vida venceu a morte. Jesus já não está mais entre os mortos, mas está vivo e bem vivo, indicando-nos o caminho a seguir: o caminho do sofrimento que gera paz; o caminho da dor que leva à felicidade. E não o contrário. A manhã bendita do domingo não tem ocaso e é perpetuada a cada momento para nós, cristãos, que amamos a vida e procuramos a santidade. O Senhor Ressuscitou para sempre e nós com Ele.
6º ATO (Os tempos modernos): Cristo, porém, continua a sofrer e a morrer quando as ameaças contra a vida se tornam cada vez mais próximas: aborto, pesquisas com células tronco embrionárias, eutanásia, e tudo o que atenta à dignidade humana é morte de Cristo. Precisamos fazer com que Ele, nos outros, ressuscite novamente.
Feliz Páscoa a todos os leitores!
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