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Adjamilton Pereira

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A invenção da alegria

05/08/2013 às 16h17

O seu porte elegante me encantava desde criança. Olhos claros, pele morena, andar ligeiro e um jeito engraçado que revelava seu lado trigueiro e agreste. Sempre elegante em sua simplicidade tinha sempre um reluzente e destacado par de brincos de ouro e pedras adornando as orelhas. Vestidos com estampas destacadas e cores atrativas a tornava visível em todos os ambientes. Seu jeito alegre a tornava e a torna bem vinda em todos os espaços.

A sua alegria, inclusive, sempre contagiou a todos que com ela convive. E, mesmo com as tristezas e dissabores de uma vida simples e com sacrifícios, sempre manteve a alegria como uma de suas mais marcantes impressões de caráter. A alegria a contagiou mesmo quando a vida e suas tramas e ardis teceram enredos dolorosos e surpreendentes. Ela enfrentou com galhardia e sem jamais perder a confiança na vida e na alegria a morte de todos os filhos. Alguns roubados da vida ainda na mais tenra idade. Outros, com alguns anos de vida e o remanescente desta trágica trajetória, lhe foi roubado já no início da adolescência. 

Mas ela manteve a esperança na vida e na alegria de viver. Uma disposição que lhe fazia presença assídua nos forrós que animavam as ribeiras de Impueiras e Cipó quando se convertia na mais entusiasmada dançarina, rodopiando suave e serelepe pelos pavilhões enfeitados de bandeirolas e iluminados pelos lampiões de querosene. No compasso de forrós, xaxados e baiões de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro ela viajava para um mundo onírico e despido de qualquer sofrimento ou privação. Ali, a alegria era a medida de todas as coisas e o sonho da possibilidade concreta de viver.

Sua alegria também se expressa na sua forma de viver. A sua casa, mesmo quando ainda era uma modesta tapera de taipa com apenas dois vãos, sempre foi alegre, com paredes rusticamente enfeitadas e muitos quadros de santos e retratos de parentes e amigos nas paredes. Hoje, numa modesta, mas confortável casa de alvenaria, as paredes externas, sobretudo, as que têm maior visibilidade, estão sempre enfeitadas com cores vivas e detalhes de rosas e outros motivos pintados de maneira tosca, mas sincera. No seu interior, aumentou a coleção de quadros de santos e retratos, pintados e fotografados, que dividem paredes em todos os sentidos.

Além da casa, sua forma de se vestir também é uma exortação a alegria. As estampas atrativas e coloridas compõem figurinos rodados e espaçosos de vestidos saltitantes. Também lhe é peculiar a coleção de sombrinhas e guarda-sóis que, numa articulada combinação com as roupas, estão sempre enfeitando as ladeiras de Impueiras na sua fulgurante passagem diária na direção das bodegas e das casas de amigos e parentes. Ao lado de seu Galego, como carinhosamente designa o companheiro Abelardo, ou Beladio, como todos o tratam, ela vai convertendo em alegria a rudeza de uma vida simples. Mostrando que, para viver bem basta saber como sorrir para a vida ou, como dizia o filósofo Charles Chaplin, sorrir, quando a dor te torturar e quando nada mais restar do teu sonho encantador. Para você, Joana de Beladio, meu mais sincero sorriso.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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