A dor da imcompreensão
O que mais dói no coração humano é a incompreensão. Ela se manifesta de inúmeras formas, assumindo o caráter de rejeição, de abandono, de negação. Quando vem de alguém cuja reação já era esperada, não causa tanto impacto; mas quando vem de alguém de quem se esperava acolhida, a incompreensão se transforma numa afiada navalha que separa medula e ossos.
A dor que provoca é imensa, pois sua ação é das mais constrangedoras, não tanto para quem a impetra, mas para quem a sente. Sentir a dor da incompreensão faz com que gemidos que pareceriam mínimos sejam fortes e estrondosos.
Compreensão é bom; quem não se sente acolhido, vigoroso e protegido quando é compreendido? Porém, incompreensão não é bom; quem não se sente abandonado, fraco e sujeitos aos mais sutis ataques dos inimigos?
Aquele que é capaz de compreender o outro, mesmo em situações “espantosas” ou “absurdas”, pode dizer que tem o dom, que tem o carisma da solidariedade, que brota de um coração formado pelas mais íntimas lições que Deus dá. A compreensão vem de Deus. E a incompreensão não vem de Deus. A compreensão é divina (Deus é aquele que mais se compreende a si mesmo, por isso que entende tão bem a humanidade) e a incompreensão é, no mínimo, humana, com suas astúcias e maledicências.
Onde há compreensão, não existe “fechar os olhos para o erro”, mas há a solidariedade para com aquele que erra. Onde há incompreensão, existe, sim, execração daquele que erra, em detrimento da sua situação.
A incompreensão é fruto de juízos errôneos e privados de sentimentos de unidade; nasce dos famosos “ouvi dizer”, ou, ainda, dos clássicos julgamentos que pouco se adequam aos outros. E irmã gêmea da prepotência e faz com que o seu “dono”, ou o seu “cultor”, sinta-se melhor do que os outros. Ledo engano! Quem está privado da dor da incompreensão?
Enquanto a compreensão procura entender, a incompreensão se compromete a aniquilar qualquer forma de acolhida. Quem entende, acolhe. E quem acolhe, prova que vem de Deus, pois Deus é acolhimento.
Sabe quem passa. E quem passa pelo “ser incompreendido”, aprende a compreender os outros com alma grande e espírito generoso, nos moldes de Deus (se é que Deus tem moldes): num amor universal.
Deus que acolheu a todos, nos ensine, nesta quaresma, a ser acolhida para os outros.
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