A devassa do mosquito
A volta das chuvas traz à cena a edição de velhos problemas. O mais grave e preocupante deles: a ameaça da dengue que, de forma indiscriminada, atinge a todos e, graças a sua capacidade de mutação, torna-se mais perigosa ante a resistência e a virulência com que afeta a população estarrecida diante da fragilidade das ações empreendidas para combater um mosquito que na pequenez de seu tamanho esconde a dimensão da devassa que provoca.
A cada estação das chuvas crescem as estatísticas no mesmo ritmo em que mínguam os programas conseqüentes e com potencial operacional capaz de reverter práticas e hábitos. A epidemia de dengue que afeta o país, em todos os seus quadrantes, revela a somatória de erros e equívocos que historicamente se somam no arsenal de atitudes individuais e públicas capazes de produzir os entulhos que entopem bueiros, transbordam riachos, alagam casas, desmoronam morros, soterram casas e ceifam vidas.
O mosquito da dengue é fruto dessa realidade. As medidas preventivas, de tão simples, acabam tornando-se banais e negligenciadas pela população que insiste na manutenção de reservatório de água sem a devida vedação, no cultivo inadequado de plantas, na manutenção de espaço que acumulam água das chuvas, como bicas, calhas, lajes. O mosquito, infelizmente, não tem senso seletivo. Sua picada é distribuída aleatoriamente. E padecemos nas filas dos hospitais públicos esperando resultados de exames que comprovem o que a realidade anuncia: a epidemia de dengue é sempre uma crônica anunciada e construída com as cores da omissão, da negligência, da deseducação, da falta de sentimento de vida comunitária e, sobretudo, da sequencia e continuidade de políticas que pensem não apenas na detetização do mosquito, mas na erradicação da pobreza, dos maus hábitos, das práticas inadequadas da vida humana.
A VOLTA DAS CHUVAS: As chuvas chegam e, com elas, a esperança de que teremos uma estação chuvosa com índices pluviométricos que se situem dentro dos parâmetros da normalidade, ou seja, que sejam capazes de reabastecer barragens e açudes, recuperar pastagens e apagar os sinais de uma seca que desorganizou a produção e afetou a vida, sobretudo, de parte da população residente na zona rural e que vivem nesta relação visceral com o clima.
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