A China e a Nova Rota da Seda
Por Alexandre Costa – A China comemora neste mês os primeiros dez anos de implantação de um dos maiores projetos estratégicos de desenvolvimento econômico da sua história que vai catapultar aquele país para o topo da hegemonia econômica mundial: a Nova Rota da Seda.
Idealizado pelo presidente Xi Jinping, a Nova Rota da Seda, no fundo, é uma gigantesca estratégia de geopolítica para dominar o mundo, não por tanques, submarinos, caças supersônicas nem muito menos armas nucleares e sim pela força econômica.
Diferente da Rota da Seda, que originalmente interligava o Oriente a Europa e ao Oriente Médio, que na época formava a maior rede comercial do mundo nas Idades Antiga e Média até a descoberta do caminho marítimo para a Índia em fins século XV, a Nova Rota da Seda de Jinping do século XXI é uma estratégia de dominação econômica envolvendo pesados investimentos no setor de infraestrutura em países da Europa, Ásia, e África que visa o protagonismo chinês nos assuntos mundiais, ancorado numa construção de uma gigantesca malha comercial controlada pela China.
Nesta terça-feira, 10 autoridades chinesas anunciaram que nos últimos 10 anos, este projeto que envolve 130 países, atingiu o patamar 2 trilhões de dólares [algo semelhante ao PIB do Canadá ou da Rússia] em contratos de investimentos na área de portos, rodovias, ferrovias, aeroportos, energia e no agronegócio que levou a um preocupante endividamento desses países na ordem de 300 bilhões de dólares somente nas mãos de um único Banco, o Eximbank, o Banco de Importação e Exportação da China fruto de investimentos na Ásia Central e África. A Itália, a única representante da União Europeia neste projeto, ameaçou pular do barco depois que circularam especulações no Mercado Financeiro Chinês alegando que uma dívida oculta desses países chega a 800 bilhões de dólares.
Somente na África, a China investiu 34 bilhões na última década, fato que despertou os críticos do expansionismo chinês que passaram a denunciar a grande escalada do endividamento de países africanos por meio de empréstimos de bancos de desenvolvimento chineses que, segundo especialistas, essa conta pode chegar à casa de 1,13 bilhão de até o fim de 2023. Como os miseráveis países africanos não têm como pagar essa dividida ficou clara a estratégia: a China vai comprar a África.
Percebe-se claramente que com esses altíssimos investimentos chineses em vários setores agrícolas de países africanos, Jinping, numa jogada de mestre elegeu estrategicamente o continente africano para implantar a mais nova fronteira agrícola mundial visando à produção de alimentos para garantir a médio e longo prazo a segurança alimentar do seu povo além de desenvolver novos mercados para seus produtos e serviços.
Especialistas temem que por trás desses astronômicos investimentos, que sem dúvidas são fundamentais para incrementar o PIB mundial principalmente em países em desenvolvimento que geralmente são vulneráveis economicamente, culturalmente e politicamente, existe uma grave ameaça global na volta do neocolonialismo no século XXI.
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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