A obamalização da Marina Silva
Por Alan Kardec
Após a confirmação da candidatura da ex-petista Marina Silva à presidência da República, muitas comparações com Barack Obama vieram à tona. As próprias peças publicitárias tentam fazer uma alusão, trazendo imagens com o mesmo tratamento digital, utilizadas na campanha de Obama. É certo que os dois são negros e tem quase a mesma origem social, mas a de Marina é mais comovente e aguerrida. Ex-empregada doméstica e filha de seringueiros, ocupando cadeira no senado é um fato incomum na política, principalmente na “câmara alta” onde a maioria provém de famílias ricas e tradicionais.
Alguns acreditam que Marina deve realmente surpreender da mesma forma que o democrata em 2008. Discordo completamente! A conjuntura política de ambos os casos é bem diferente e o sucesso eleitoral de Obama dependeu muito mais de seu posicionamento eleitoral do que de sua origem humilde. Era uma “eleição de oposição”, sem chances para o sucessor de Bush. O americano queria mudar e pronto! A mudança estava representada na candidatura democrata. Obama venceu a eleição para presidente quando derrotou Hillary na convenção partidária. Depois disso, foi só manter a rotina da campanha e subir nas pesquisas.
A eleição de 2010 terá uma diferença histórica. Pela primeira vez -após oito ano de mandato- um governante terá chances reais de eleger seu sucessor Se a aprovação do governo Lula continuar em alta, não haverá espaço para o discurso da oposição e, certamente, Lula terá todas as condições de eleger seu sucessor. Resta saber se, Dilma Roussef ou Ciro Gomes. Nesse quadro, o potencial de crescimento da Marina Silva não deve surpreender e ela se manterá como uma candidata ideológica, ambientalista.
Uma possível mudança de posicionamento de campanha da Marina também não teria muito efeito prático. Mesmo que ela perceba que essa eleição é de situação e tente se aproximar do governo Lula, terá que brigar com Ciro Gomes ou Dilma para se afirmar como a sucessora do presidente, o que é improvável. Marina não conseguiria este feito sem o apoio de Lula e com pouco tempo de TV.
A comparação com Obama é descabida. É outra conjuntura, com outras variáveis distintas da eleição americana.
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