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Radomécio Leite

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“O sonho continua”

26/01/2009 às 16h13

Um fato me chamou a atenção desde o dia da vitória de Obama, quando pessoas simples, humildes, aposentados, analfabetos e mulheres vieram comentar comigo a decisão soberana do povo dos Estados Unidos de eleger um negro para ser seu presidente. Todas as conversas giraram sempre em torno de uma palavra: esperança. Por que a eleição de Obama atraiu atenções do Planeta e mobilizou milhões de cidadão americanos?

É obvio que a chamada grande mídia massificou todo o processo eleitoral, cujas repercussões atingiram todas as camadas da população, não somente deste recanto de mundo onde está situada a cidade de Cajazeiras, mas do resto do globo terrestre. A vitória de um negro para presidir uma nação que ainda luta e tem resquícios de segregação racial tem um significado muito forte e parece ser um sonho. Este fato pode simbolizar também a luta daqueles que morreram pelo fim da discriminação naquele país.

Obama é fruto de uma grande luta, da maioria do povo americano, pelos direitos civis, iniciada em 1863, com a proclamação feita pelo presidente Abraham Lincol durante a Guerra Civil Americana, que termina com a escravidão, institucionalizada no século XVII; em 1865, grupos clandestinos de brancos criam as sociedades secretas Cavaleiros da Camélia Branca e a Ku Klux Klan, dedicadas a impedir a igualdade de direitos e a assassinar negros; em 1875, Blanche Kelso Bruce é o primeiro negro a conquistar uma vaga no senado americano, despertando uma violenta reação de grupos conservadores do Sul do país; em 1883, a Suprema Corte diz que nada pode fazer contra a discriminação racial feita por particulares.

Várias leis determinando a separação entre negros e brancos começam a ser aprovadas nos estados; em 1954, a Suprema Corte declara inconstitucional a segregação racial nas escolas do país; em 1955, a costureira negra Rosa Parks se recusa a ceder seu lugar em um ônibus a um branco em Montgomery, no Alabama e é presa. O ato incentivou outros negros a fazerem o mesmo; em 1960, quatro estudantes negros sentam-se num restaurante para brancos em Grensboro, na Carolina do Norte, em protesto contra a segregação racial; em 1963, ocorre em agosto a Marcha em Washington por Empregos e Liberdade.

Martin Luther King pronuncia para 250 mil pessoas seu histórico discurso “Eu tenho um sonho”; em 1964, junho: Malcolm X funda a Organização da Unidade Afro-Americana e em dezembro: Martin Luther King recebe o Prêmio Nobel da Paz e é assinada a Lei dos Direitos Civis de 1964; em 1965 Malcolm X é assassinado a tiros em Nova York; em 1966 o grupo Panteras Negra é fundado em outubro; em 1968, em abril: Martin Luther King é morto a tiros em Menphis, no Tennessee, por James Earl Ray e em outubro: Tommie Smith e John Carlos erguem os punhos para simbolizar o poder e a unidade negra, após ganharem as medalhas de ouro e bronze, respectivamente, nas Olimpíadas da Cidade do México e em 2008, o senador Barack Obama é eleito o primeiro negro presidente dos Estados Unidos.

Para o reverendo Samuel Kyles, famoso ativista pelos direitos civis, 73 anos, que presenciou a morte de Luther King, declarou a imprensa, que se sentia “caminhando nas nuvens” e que a vitória de Obama realiza parte do sonho e “ainda temos pela frente muito que fazer”.

Ao assumir a presidência dos EUA, Obama realizará algo tido, até algum tempo atrás, como imaginável apenas no cinema, num país gerado com o racismo e as guerras.

Li e reli atentamente os dois discursos de Obama: o da vitória e o da posse e em ambos dar para sentir realmente, que não só o cidadão americano que pode continuar sonhando, embora diante de tantos problemas que o novo mandatário vai ter que enfrentar mundo afora, é bom acreditar, com o poderio que esta Nação possui, que Ele poderá refazer um novo caminho para a humanidade. Afinal o mundo capitalista vive à sombra dos EUA, mas a igualdade e a fraternidade entre os povos pode fazer com que o sonho continue.

Radomécio Leite

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Contato: [email protected]

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