Gilvan Freire
Advogado, ex-presidente da Assembléia e ex-deputado federal
Advogado, ex-presidente da Assembléia Legislativa da Paraíba e ex-deputado federal, Gilvan Freire está de volta ao cenário político e, para surpresa de alguns, quase incorporado ao conceito bíblico de que “o bom filho à casa torna”, oferecendo seu nome para a disputa pelo PMDB. Recém-reconvertido à convivência com o governador José Maranhão – com quem disputou as eleições para Governador em 1998 – ele concedeu a seguinte entrevista ao editor do PSonlinebr.com, jornalista Paulo Santos.
O Sr. é candidato a um novo mandato de deputado federal?
Sou candidato a deputado federal pelo fato de já ter tido um mandato e objetivo a ter outros e, portanto, acho que esse é um grande momento especialmente com a minha mudança partidária ao PMDB, tenho mais possibilidade no PMDB que em qualquer outro partido.
Por que o Sr. escolheu o PMDB depois de ter sido líder na Assembléia no primeiro governo Cássio Cunha Lima?
Precisamente por isso. Eu já pertencia ao partido e dentro do partido eu fui bem-sucedido em todos os pleitos que disputei, fui deputado estadual, federal pelo PMDB, fui líder de governo e líder do partido na Assembléia Legislativa. O PMDB de alguma forma me fazia falta, o que havia de impossibilidade era um desentendimento entre as principais lideranças políticas do PMDB que terminaram brigando e eu também briguei, mas agora estou de volta e acho que esse é o caminho que me permite renovar o meu projeto político.
Quem estava errado: as lideranças que brigaram ou o Sr. que saiu do partido?
Todos nós estávamos certos na época e a época mudou e agora estou certo refazendo minha amizade com José Maranhão.
Até pouco tempo o Sr. tinha relações políticas estreitas com o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho. Por que o Sr. não se filiou ao PSB para ser candidato a deputado federal?
Eu acho que o PSB não me ajudaria muito, apesar da minha amizade com Ricardo. Eu acho que meu projeto não seria bem formatado dentro do PSB, tem menos possibilidade de formatar um mandato de deputado federal no PSB do que no PMDB. Eu descobri com a minha vida partidária nos últimos anos que o melhor lugar é estar filiado a partido pequeno, partido grande você se esforça mais, mas tem mais chance de você sensibilizar o eleitor, porque todo partido grande tem muitos eleitores e todo partido pequeno tem poucos eleitores, então eu sempre tive pessoalmente mais voto que os partidos aos quais eu freqüentei nos últimos anos. Eu quero agora um partido que me ajude e não que eu ajude a ele, porque os outros eu ajudei e fui “desajudado”.
A briga interna do PSB não contribuiu para que o Sr. se sentisse desestimulado de entrar no Partido Socialista Brasileiro?
Não. Isso por si só não foi o motivo pelo qual não me filiei ao PSB nem insistido num projeto com Ricardo Coutinho. Eu acho que o próprio estilo de Ricardo Coutinho não ajuda muito um cara como eu a ficar perto dele. Eu sou mais afetivo, ele é menos afetivo, eu faço gestão política, Ricardo faz menos, então eu acho que a minha contribuição nem seria grande porque ele não permitiria que eu alargasse a minha participação no projeto dele e certamente para o meu projeto ele não falaria, como ele não falava do projeto de ninguém, só do dele.
Conhecendo todas as partes, como o Sr. avalia uma possível aproximação do ex-governador Cássio Cunha Lima com o prefeito Ricardo Coutinho. Quem ganha e quem perde com uma possível aliança dessa?
Eles dois ganham mais do que qualquer outra pessoa. Ganham porque a conveniência e a sobrevivência indicam que eles dois devem estar juntos nessa eleição de 2010, ou seja, a aliança de Cássio com Ricardo Coutinho é uma aliança de sobrevivência, fora a conveniência de qualquer um poder ganhar aquilo que vai se disputar. Cássio tem mais chance de disputar o mandato de senador aliado a Ricardo Coutinho do que dentro do seu próprio setor sem Ricardo e Ricardo tem mais chance de disputar o mandato de governador junto a Cássio do que isoladamente, então as conveniências desses fatos uniram os dois.
O Sr. quer dizer que, unido ao ex-governador Cássio Cunha Lima o prefeito Ricardo Coutinho pode ser governador do Estado já em 2010? E a pretensão de reeleição do governador Maranhão com o Sr. no PMDB?
Eu acho que Ricardo Coutinho tem mais chance de disputar, não significa que ele vai ganhar. Pessoalmente acho que quem ganhará a eleição será aquele candidato que tem mais possibilidade de fazer aliança e aí dá para se ver já nos primeiros momentos que Maranhão tem mais possibilidade de fazer mais aliança que Ricardo, inclusive tirando do próprio Ricardo, enquanto que Ricardo praticamente não tira nada de José Maranhão. A chance, pelo menos desses primeiros instantes é de Maranhão que tem um governo estadual e Ricardo municipal, portanto em níveis de governo em que o de Maranhão é mais abrangente que o de Ricardo e José Maranhão trata melhor as alianças, conquista mais aliados, até talvez por conta do espaço que o estado tenha a oferecer como é o caso do PT, o PT tende a ficar com Maranhão e quando terminar essa disputa entre Rodrigo Soares e Luiz Couto, dá pra gente ver com quem é que vai ficar, mas independentemente disso é muito provável que o PT fique com José Maranhão a partir da orientação que recebe de cima para baixo. Maranhão ainda deverá tirar outros aliados de Ricardo Coutinho nos próximos meses, até o final do mês deverá trazer alguns e ainda poderá trazer até depois de dezembro, portanto as chances em termos de alianças sopram mais favoravelmente a José Maranhão que a Ricardo Coutinho.
Como fica o senador Cícero Lucena nesses projetos todos?
Vai ter que compreender a dificuldade pela qual está passando. Cícero é um bom “animal” político, ele não compreende bem a aliança do cassismo com Ricardo Coutinho e isso está ficando cada vez mais inevitável, há setores que estão desertando mesmo do PSDB para apoiar formalmente Ricardo Coutinho, como é o caso de deputados que vão deixar a legenda até o final do mês. Em suma, eu acho que Cícero tende a compreender o momento não é muito favorável à aliança entre ele e Cássio e é muito mais favorável à aliança entre Cássio e Ricardo Coutinho e eu não sei se isso é uma solução para o cassismo ou um problema, desconfio que seja um grave problema para o cassismo.
Com a sua experiência e com a sua visão macro, como é que fica a questão dos palanques para os candidatos nacionais no caso por exemplo de José Serra, Dilma, possivelmente Ciro Gomes ?
A campanha de 2010, a tomar por base os entendimentos que estão sendo fechados na base de alguns partidos como é o caso do entendimento feito na base entre o cassismo e o Ricardismo pode remeter para uma campanha incomum em que embaixo do palanque tenha mais aliança que em cima.
E isso já se viu antes aqui, não é?
Isso já se viu antes no estado da Paraíba e é preciso que se repita, agora o partido de cima vai funcionar muito para o Presidente da República e embaixo, dentro dessas alianças que podem não ser formalizadas oficialmente, mas elas existirão para o eleitor, em nome do eleitor e com o eleitor.
Colaborou: Rogéria Pontes
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