Raimundo Lira
Foi Senador da República pela Paraíba em 1986
Raimundo Lira é sertanejo, mas passou a maior parte da vida em Campina Grande onde desenvolveu suas atividades empresariais. Dono de concessionárias de automóveis, conquistou um mandato de senador da República pela Paraíba em 1986, deixando a vida pública em 1994. Com empresas em Brasília e no México, tenta voltar ao cenário político após entendimentos com o governador José Maranhão e com o deputado federal Vital do Rego Filho. Lira concedeu esta entrevista por telefone ao jornalista Paulo Santos (com a colaboração de Rogéria Pontes). Confira.
O Sr. está voltando à política da Paraíba?
Há dois anos o deputado Vital Filho tem conversado comigo em Brasília e a gente tem se encontrado com frequência em aniversário, almoço e jantar e ele sempre me estimulando a voltar a compor os quadros do PMDB da Paraíba. Há dois anos também, na eleição anterior, o governador Maranhão também me procurou e ele me estimulando a voltar ao meu partido de origem e eu terminei por aceitar esse convite de Vital que também é um convite feito pelo prefeito Veneziano e a condição que eu coloquei é que o governador fosse informado em primeira mão, como realmente foi e demonstrou uma satisfação do meu retorno ao PMDB, agora deixando sempre de uma forma bem clara que no primeiro momento a minha intenção é participar da vida partidária, me inteirar totalmente dos detalhes e dos aspectos da política paraibana já que estou ausente há um certo tempo, objetivando a colaborar, participar, aconselhar naquilo que for necessário, principalmente no aspecto econômico e sem no momento fazer qualquer pleito, isso ficaria para uma segunda etapa, porque existe uma linha de prioridade dentro do partido, aqueles companheiros que naturalmente tem mais serviços prestados, dos que tem mais militância etc. Então, não quero em nenhuma hipótese definir no momento qualquer tipo de reivindicação, até porque eu coloco essa premissa de não disputar aquelas funções, posições, aqueles cargos que eventualmente seja por direito de um companheiro do partido.
Quando o Sr. esteve no PMDB, esse era um partido unido, uníssono comandado pelo senador Humberto Lucena com várias lideranças como o senador Antônio Mariz e outros. Como o Sr. vê hoje o PMDB diferente daquele PMDB que foi quando o Sr. era senador?
Isso que você falou é verdade, o PMDB era um partido muito unido sob a liderança do senador Humberto Lucena, mas o partido começou a crescer demais na Paraíba, a exemplo do que aconteceu no Brasil, e praticamente em todos os estados da federação e por ser o maior partido e também pelo partido ter a maior bancada no Congresso Nacional, por ter o maior número de governadores nos estados, terminou ficando realmente um partido com tendências, divisões etc, e eu acredito que isso seja um processo natural de toda entidade, instituição que cresce muito e passa a ser composta por pessoas de várias tendências e com várias linhas de pensamentos.
O Sr. está vendo a crise no Senado com o presidente José Sarney e outros senadores. O que mudou na política nesse período que o Sr. ficou fora?
Quando eu estava no Senado Federal e era senador havia um respeito muito grande das pessoas, da opinião pública e até da própria imprensa nacional em relação aos Senadores da República, tanto é que vários escândalos que foram surgindo ao longo do processo de consolidação democrática, a exemplo do escândalo do orçamento, podemos citar também a questão do mensalão, o senado sempre estava fora disso, porque ele é composto por pessoas mais maduras e que já tinham ocupado muitas vezes funções no Ministério, de governador de estado, sempre representou o senado federal o poder moderador do Congresso Nacional, aquele poder que servia de amortecedor para as crises nacionais, mas infelizmente, nos últimos tempos a mídia tem divulgado os escândalos que eventualmente estão acontecendo no Senado Federal e deixa não só eu, que sou ex-senador, triste, mas com certeza a maioria do povo do Brasil. Vamos torcer que esse assunto seja logo encerrado e o Senado encontre finalmente o seu caminho para prestar ao país um serviço tão positivo que ele sempre prestou ao longo desses anos.
O Sr. é empresário e é inevitável que se pergunte: o país já saiu da crise ou ainda vai demorar muito para o Brasil superar essa fase difícil da crise econômica mundial?
O Brasil já está saindo da crise e está crescendo de forma positiva. Agora, ainda não retornou aos patamares que ele possuía do ponto de vista econômico até o mês de agosto de 2008, mas nós temos que ficar muito felizes dessa crise ter encontrado o Brasil numa situação muito boa em termos de estabilidade econômica, que sofreu menos do que a maioria dos países, mas eu confirmo e isso já é uma realidade, o Brasil voltou a crescer e vai fechar o ano de 2009 com o crescimento econômico na faixa de 1 a 1,5 % e terá uma boa retomada no ano de 2010, até porque já está em processo de recuperação as grandes economias mundiais, a exemplo do Japão, Alemanha e dos Estados Unidos
O Sr. andou se desfazendo de alguns negócios na Paraíba. Tem intenção de voltar a investir aqui no Estado?
Quando eu vendi as duas concessionárias aqui na Paraíba, eu tive o cuidado de não vender as instalações e ficar com os imóveis aqui e de lá pra cá eu só fiz adquirir novos imóveis, principalmente aqui em Campina Grande. No momento eu fiz um grande investimento imobiliário aqui na cidade de Campina Grande, estou trabalhando com três empresas, uma de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, analisando a área que eu tenho aqui, com possibilidade de construir um empreendimento e a nossa intenção é de fazer um shopping aqui, possivelmente com uma torre corporativa para escritórios e Campina Grande ainda não tem uma no nível que merece, mas tudo isso depende naturalmente do resultado dessas pesquisas econômicas que estão sendo feitas por essas empresas para ver exatamente a viabilidade desse empreendimento que é a minha intenção de prestigiar Campina Grande e a Paraíba
Qual seria hoje o cargo eletivo ideal para Raimundo Lira com a experiência que ele tem já como político e como empresário?
Eu no momento não tenho nenhum cargo prefixado na minha cabeça, até porque em outras oportunidades eu já pensei em retornar à política, mas num determinado momento verifiquei as dificuldades que existiam e essas dificuldades normalmente eram dentro do próprio partido que eu participava e como eu tinha atividade empresarial como a principal não me submeti a determinadas condições que eram colocadas naquele momento e eu preferi me afastar e eu tenho sempre dito isso e sempre faço uma comparação: aqueles políticos que tem dedicado sua atividade exclusivamente para política, a exemplo do prefeito Veneziano que é extremamente dedicado ao serviço público, de administrar Campina Grande, o deputado Vital Filho que apesar de ter dois cursos universitários dedica sua vida exclusivamente à política, então por eles terem uma vida intensa, eles tem muito mais condições de superar as dificuldades que são apresentadas nos momentos decisivos da política do que Raimundo Lira que tem como atividade principal a empresarial e tem apenas aquela vontade de prestar um serviço público adicionalmente à Paraíba.
Da redação com PSOnline
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