[VÍDEO] “Silêncio ensurdecedor”: professoras aposentadas pelo IPAM de Cajazeiras cobram respeito do prefeito
As professoras Socorro Rodrigues e Leide Gomes fazem parte dos servidores aposentados que estão com o pagamento atrasado, enquanto que os servidores comissionados do Instituto de Previdência do Munícipio já receberam
“É um silêncio ensurdecedor”. A frase dita pela professora Socorro Rodrigues resume a situação do Instituto de Previdência e Assistência Social do Munícipio de Cajazeiras (IPAM), mas também pode servir como um grito de alerta sobre a relação de conivência entre a atual gestão municipal e os órgãos fiscalizadores, tais como sindicato, poder legislativo, poder judiciário e parte da imprensa.
Socorro Rodrigues é uma das aposentadas pelo IPAM que está com o pagamento de setembro atrasado, enquanto que os servidores comissionados da autarquia já receberam no último dia 20. A notícia de que, pela primeira vez em 30 anos, o IPAM atrasou os salários dos aposentados e pensionistas veio à tona pelo Blog do José Dias Neto e depois reverberou na Câmara Municipal através do vereador de oposição Alysson Voz e Violão (PSB).
Um levantamento ao qual o Blog do José Dias Neto teve acesso na terça-feira (3) mostra que dos valores empenhados, apenas a folha dos comissionados, no valor de R$: 30.720,00, foi paga no dia 20 de setembro. Ainda segundo o blog, as folhas de aposentados e pensionistas, nos valores de R$ 2.016.508,79 e R$ 193.863,30, respectivamente, tem a perspectiva de serem pagas somente no dia 10 de outubro.
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Professora Socorro Rodrigues relembra que em 2017 a Câmara Municipal realizou uma audiência pública para que a então diretoria do IPAM prestasse esclarecimentos sobre a situação financeira da autarquia. Na época, de acordo com dados apresentados pela então diretoria, o montante de verbas não repassado ao IPAM nas últimas décadas já ultrapassava 70 milhões de reais. Em 2018, a Câmara instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI do IPAM, mas não deu em nada.
“A CPI só nos trouxe o que a gente já sabia, que é a fragilidade e a falta de recurso do IPAM. Mas, o que foi feito? Estamos em 2023 e agora fomos agraciadas com essa notícia de que nosso pagamento atrasaria. Então, quer dizer que a falta de recursos é só para os aposentados e pensionistas? Eu acho que está na hora do gestor público nos prestar conta e, principalmente, as instituições que estão encarregadas de investigar, cobrar, porque é um silêncio ensurdecedor. Foi preciso que houvesse esse atraso para voltar à tona essa história”, disse a professora Socorro.
“Como professora aposentada com salário atrasado e com obrigações a cumprir, eu exijo respeito. Para mim, nada mais é do que irresponsabilidade e ingerência com o dinheiro público. Está precisando que alguém comece a pedir explicações e uma ação. Que o IPAM está com problema, a gente já sabe. Mas, tem alguém fazendo alguma coisa? A sociedade precisa saber, o aposentado precisa saber e o pensionista precisa saber o que está sendo feito para que essa situação seja resolvida”, acrescenta a aposentada.
Na CPI do IPAM, que foi concluída em 2019, o então vereador Rivelino Martins, relator do processo, chegou a divulgar um balanço mostrando que naquela ocasião a disponibilidade financeira por servidor efetivo era de pouco mais de 370 reais. Rivelino disse, naquela ocasião, que o atual governo municipal deixou a reserva do IPAM cair de R$ 8 milhões para R$ 500 mil no período de janeiro de 2017 para julho de 2019, provavelmente utilizando para outros fins.
Para a professora Leide Gomes, a situação do IPAM já era uma ‘tragédia anunciada’. Ela afirma que não há transparência no instituto e que até chegaram a colocar no ar um site, mas que só servia para divulgar aniversariantes do mês.
“Com todo respeito aos comissionados, pessoas que também têm seus compromissos financeiros, mas a gente é concursado, nós chegamos aqui através de concurso, e está na hora desse IPAM mostrar para que veio, porque ele nasce com a proposta de proteger os servidores”, diz ela.
Leide procura estimular os servidores municipais da ativa para se engajarem na luta dos aposentados e pensionistas, já que eles, em breve, também estarão nessa condição de inativos.
“Vamos unir a luta. Eu acredito que essa questão do IPAM veio à tona pra gente se unir mais, independente de instituição sindical. Cada um deve se conscientizar que nós somos merecedores de receber dentro do mês trabalhado porque contribuímos. Não é porque a gente está na inativa, que a gente não possa contribuir com a luta. Independente de cor partidária, de vereador tal, a gente tem que se unir enquanto sociedade.”
Ela conclui mandando um recado ao prefeito José Aldemir. “A gente está querendo que o prefeito atual tenha mais sensibilidade. Como é bom o senhor receber dentro do mês trabalhado, então que bote a mão na consciência”, diz a professora.
DIÁRIO DO SERTÃO
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