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STF vê sinal de guerra em pedido de deputados para que Fachin explique relação com lobista

Integrantes da corte veem a iniciativa como uma tentativa de intimidação.

Por Priscila Belmont

06/06/2017 às 08h55

© Reuters / Adriano Machado

Nervos expostos A decisão de aliados de Michel Temer de protocolar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara um pedido de explicações do ministro Edson Fachin sobre sua relação com Ricardo Saud, lobista e delator da JBS, foi recebida no Supremo como sinal de guerra aberta. Integrantes da corte veem a iniciativa como uma tentativa de intimidação. Há quem aconselhe o STF a sinalizar que a ofensiva dos deputados da base do presidente pode ser vista como “coação” — um crime, portanto.

Sintoma Fachin não tem, porém, a solidariedade de todo o colegiado. Há uma ala do STF que acusa o ministro de excesso de individualismo e inexperiência. Esse grupo lembra que Teori Zavascki, que foi relator da Lava Jato, comunicava o plenário a respeito de decisões polêmicas.

Tão só Fachin reclama de isolamento e dos reparos que sofre dentro e fora do Supremo. Queixa-se dos ataques e, especialmente, da falta de defesa. O clima na corte anda pesado, com ministros trocando farpas nos bastidores.

Pisando em ovos Com a corte dividida e sob pressão, pessoas próximas à ministra Cármen Lúcia resumem seu papel no atual cenário: um algodão entre cristais.

Cuida bem de mim O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mostrou contrariedade por não ter sido ouvido sobre a troca de guarda no BNDES. Foi ao aniversário de um amigo, deixou o celular longe e não atendeu ligações do Planalto. Só deu sinal de vida no dia seguinte.

Caso pensado Não foi fortuita, aliás, a ausência de Maia na posse do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, na quarta (31). O democrata mantém o discurso de fidelidade ao governo Michel Temer, mas não quer associar sua imagem à tentativa de barrar o avanço da Lava Jato.

Olha eu, PIB Ventilado como possível sucessor de Temer, Maia quer manter esta semana o ritmo de votações na Casa, apreciando projetos apresentados por deputados até de partidos da oposição.

Bolado Vivendo no exterior desde que foi alçado ao posto de delator-mor da República, Joesley Batista aumentou as medidas de segurança. Trocou de telefone e restringiu ainda mais o grupo de pessoas que possui seu número e sabe de seu paradeiro.

Polida na imagem Alvo de críticas por ter conseguido um acordo deveras generoso, os Batista tentam agilizar a montagem de seu plano de combate a malfeitos. Pelo acordo, a J&F tem de colocar R$ 2,3 bilhões em projetos de prevenção à corrupção.

Chamada oral Nos últimos dias, Temer repassou com seus advogados, Gustavo Guedes e Marcus Vinícius Coêlho, os pontos de sua defesa no TSE. Pretende lembrar que a ex-ministra Maria Thereza Moura delimitou o objeto da ação em 23 pontos — nenhum vinculado a delações.

Vai ter luta O PT aposta que, mesmo se Temer escapar do TSE e dos pedidos de impeachment, continuará sangrando, alimentando o crescimento de movimentos de rua que pedem eleição direta.

Tipos sanguíneos O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), passou a ouvir a bancada do partido por grupos: os que querem sair e os que querem ficar no governo. No caso dos mais exaltados, Tripoli tem optado por conversas individuais.

Autocrítica Integrantes da base aliada dizem que o PSDB perdeu o senso crítico. Avaliam que a sigla não vê que seus principais nomes estão na Lava Jato e que insiste em dividir o Congresso como se o “centrão” fosse o único bloco dos “sujinhos”.

Lista tríplice Para avançar a reforma da Previdência, o governo atacará em três frentes: fidelidade para manter cargos, fechamento de questão pela bancada do PMDB e ajuda financeira a Estados e municípios.

TIROTEIO

Antigamente oposição se fazia à luz do dia na tribuna do Congresso. Hoje se faz com boatos e vazamentos seletivos na imprensa.

DO MINISTRO MOREIRA FRANCO (Secretaria-Geral da Presidência), criticando o que o governo tem chamado de excessos da Operação Lava Jato.

CONTRAPONTO

Brincadeira tem hora

Durante longa audiência na Comissão de Assuntos Sociais do Senado para discutir a reforma trabalhista, na terça (23), Otto Alencar (PSD-BA) levantou com o celular na mão e caminhou em direção ao colega Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que acabara de entrar na sala.

— Flexa, telefone. É o Gilmar Mendes — disse, fazendo troça com o diálogo do ministro do Supremo e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) gravado pela Lava Jato.

Depois de alguns segundos de espanto, o tucano percebeu que era piada e caiu na gargalhada.

— Vocês brincam, mas todo mundo aqui está grampeado — emendou Flexa Ribeiro.

Folha de São Paulo

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