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Cachaça do Ceará, líder em vendas, é comprada por gigante estrangeira

Compra da Ypióca abre caminho para a Smirnoff Ice no Ceará, diz Diageo

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29/05/2012 às 13h21

/ Getty Images
Ypióca é referência como marca que tem boas margens de lucros, diz consultor
 

A compra da Ypióca pela Diágeo deve abrir caminho para a distribuição de marcas do grupo britânico de bebidas no nordeste do Brasil. Os principais rótulos da Diageo no País, como o uísque Johnnie Walker e a vodca Smirnoff, têm presença concentrada na região sudeste. Por outro lado, o negócio também irá levar a cachaça, que tem 70% das vendas no Ceará, para outros mercados regionais. As afirmações são de Radny Millian, presidente da Diageo na América Latina e Caribe, e foram divulgadas nesta segunda-feira pela empresa. 

"A Ypioca é forte no nordeste, onde faz aproximadamente 80% de suas vendas. A marca é especialmente forte no estado onde nasceu, o Ceará. Isso cria oportunidades de aumentar no estado as vendas de marcas da Diageo como a Smirnoff Ice, além de inovações como formatos menores de outras marcas da Diageo", disse Millan. "Fora do Ceará, a Diageo pode complementar o acesso da Ypióca ao mercado, através de contas-chave (distribuidores importantes) da empresa", afirmou.

O executivo considera que as cachaças investem pouco em construção da marca. Assim, a estratágia inicial da Diageo após a aquisição deve incluir investimentos relevantes em marketing. "Vamos apostar em marketing nos primeiros anos, o que deve resultar numa pequena redução das margens de lucro da empresa", disse Millian.

"O mercado de cachaça tem crescimento estagnado, então as marcas mais interessantes são aquelas que têm volume de vendas e boas margens de lucro. A Ypióca é referência nisso. As margens são boas porque o preço é um pouco mais elevado, devido a uma percepção de qualidade que a marca contruiu", diz Adalberto Viviani, presidente da consultoria Concept, especializada no mercado de bebidas. Os rótulos mais vendidos de Ypióca (a prata e a ouro) saem em média por R$ 9 o litro, enquanto o preço médio de uma cachaça é R$ 6 o litro.

Para Viviani, a aposta nas sinergias de distribuiação e em marketing são acertadas. Ele destaca ainda outro ponto que deve receber atenção da Diageo: a oportunidade de exportar Ypióca. "Fora do Brasil, os consumidores não pedem por uma marca específica, pedem apenas cachaça. A marca que ocupar primeiro esse mercado pode virar essa referência. A Diageo sabe fazer isso e tem capacidade de levar a Ypióca a muitos lugares", afirma.

A Ypióca é a terceira marca mais vendida no País, com 8% do mercado, segundo dados de 2010. Vem atrás da 51, que tem 24% de penetração, e da Pitu, com 12%. A quarta mais popular é a Velho Barreiro, com 5% das vendas. Os números mostram que é um mercado bastante fragmentado, uma vez que as quatro líderes têm menos da metade da perticipação.

A Diageo já havia adquirido uma marca com participação bem mais modesta, a Nega Fulo. Há tempos, segundo Viviani, a empresa sondava o mercado de cachaças para comprar uma marca com volume de vendas exepressivo. "A compra da Ypióca representa uma mudança grande, uma vez que mais que dobra nosso tamanho no Brasil", disse Millian.

IG

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