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Juliana Paes sobre chegar aos 40: ‘Gosto das minhas marquinhas. Até o que foi caindo estou gostando’

Protagonista de 'A Dona Do Pedaço' fala sobre a trama, filhos e como lida com o tempo

Por O DIA

19/05/2019 às 12h16

Juliana Paes chega aos 40

Como um furacão, Juliana Paes sempre arrasa por onde passa. Ela mesma diz ter o dom de contagiar as pessoas ao seu redor. É verdade! E como protagonista da nova novela das 9 da TV Globo, o título da trama caiu como uma luva para a atriz, que é verdadeiramente ‘A Dona do Pedaço’. Em uma entrevista pra lá de alto astral, a atriz revelou detalhes da novela e como é dar vida a uma mulher batalhadora, diferente da bandida Bibi Perigosa, último trabalho dela na televisão, em ‘A Força do Querer’ (2017). Ela ainda contou sobre a vontade de adotar uma filha, como lida com o passar do tempo, e sempre estar linda, aos 40 anos.

O título da novela remete a você. Você é uma pessoa assim, não é?
Acho que tenho essa energia de gostar das pessoas. De chegar e contagiar positivamente. Nesse sentido, talvez se refira a mim. Mas, por outro lado, acho que ‘A Dona do Pedaço’ fala com todas as mulheres que são donas de si, que se fizeram pelo próprio esforço. E que são a razão do próprio sucesso. Esse é o sentido de ser a dona do seu próprio pedaço, da sua própria vida, da sua própria história.

Você aprendeu a fazer bolo ou já sabia?
Já fiz tanto bolo nessa novela, que já consigo fazer de olhos fechados (risos). A gente faz várias vezes, por isso já aprendi. Não sou muito de ir para a cozinha, mas quando vou é para fazer sobremesa. Claro que fazer um bolo comum, um bolinho de banana sempre foi fácil para mim. Mas tive aulas de culinária mais avançada. Existem segredinhos e jeitos de fazer no manejo, que são mais profissionais, como quebrar o ovo com uma mão só e dar um toque diferente no brigadeiro, para ele ficar um pouco mais cremoso.
Você saiu de uma bandida e agora será uma mulher batalhadora. Você se identifica com Maria da Paz?
Totalmente. Talvez esteja aí meu grande desafio. Maria da Paz é a personagem que fiz mais próxima da minha verdade, tenho uma pouco dela sim. Depois da Bibi, vem essa expectativa toda. Por um lado é delicioso, mas por outro dá um medinho, um frio na barriga. Gosto muito dos processos criativos antes da novela, para mim, essa é a parte mais saborosa. A gente vai colocando tudo num caldeirão de ideias e vai criando o corpo do personagem.

No final do ano passado você teve um problema na garganta. Ficou tudo bem?
Quando você descobre calos vocais ou cistos vocais, fica uma cicatriz e por mais que você cuide e tenha disciplina, a cicatriz fica. Tenho sempre que fazer a minha fonoterapia. Chego aqui e pego o meu tubinho, faço os exercícios. É algo que vou ter que cuidar pelo resto da minha profissão. É comum em jogadores de futebol ter que fazer fisioterapia antes e depois do jogo, eu tenho cuidar da minha voz antes e depois das gravações. Quando você é jovem, pode correr, pular e dançar, que nada acontece. Mas depois de muito uso, muito abuso e grito, tive esse acidente e agora tenho que fazer essa terapia para a vida inteira. Mas está tudo perfeitamente normal dentro desse quadro.
Como protagonista, o volume de cenas é muito grande…
O Walcyr (Carrasco, autor da novela) falou comigo “já estou sabendo que você quase caiu de cama, não vou diminuir a quantidade de cenas não. Se prepara porque tudo que vi, eu amei e vou escrever mais ainda”. Não sei se isso é bom ou ruim (risos). Realmente, tenho um volume de cenas nessa novela como nunca tive antes. Estou em 45% dos blocos. Ela, de fato, é a personagem que leva toda a história. Nem como Bibi eu gravava tanto. Minha personagem está em todos os cenários, em todos os lugares. Não tenho dublê, sou tudo eu que faço.

Quando você se sente a dona do pedaço?
Eu me sinto a dona do pedaço quando eu consigo dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo. Quando eu consigo gravar, chegar em casa, tomar conta da merenda das crianças, fazer dever de casa, colocar para dormir, ler uma historinha, deitar e ainda assistir um filminho. É aí que eu falo que estou me sentindo a dona do pedaço.

Você se cobra por isso?
Muito. Eu acredito que ser mãe é viver com uma parcelinha de culpa sempre. Você pode ser a pessoa mais analisada do mundo, fazer a terapia que for. Nunca fiz terapia, estou até querendo, mas não tenho tempo. Sempre a gente tem a sensação de que alguma coisa faltou. É difícil dar conta, mas no final de semana eu os levo para a praia ou fico em casa com eles.

Como é educar dois filhos homens em um universo tão machista?
É uma missão, uma tarefa complicada. Porque a gente não educa os filhos sozinhos, tem as pessoas em volta que são parte da formação da mentalidade de uma criança e essa parte é mais difícil. Tem o que eles assistem na televisão, no celular, tem o que o avô que é de uma geração anterior fala: ‘Ei, para de chorar, menino não chora’. Outro dia eu ouvi e gritei: ‘Chora sim!’. Tem que educar com muito amor, porque eu não acredito no pé na porta, mas sim na palavra doce e amorosa. Mas às vezes é bom chegar para o homem e falar para deixar ele ser como quiser, escolher a cor que quiser e se expressar como quiser. Quero criar filhos feministas.

Acha que ser mãe é a maior missão da sua vida?
O grande desafio da minha vida é criar filhos, não tem mais nada mais difícil do que passar valores para a cabecinha de uma criança. A gente também erra, não sabe o que falar. Peço muitas desculpas para meus filhos porque prometi alguma coisa que não pude dar, porque prometi que ia chegar cedo do trabalho e não consegui chegar… criei expectativa neles. A gente vive numa sociedade muito machista. Não é fácil. Dois já é uma missão de uma vida inteira.

Tem vontade de ter um terceiro?
Não. Na verdade, se alguém esquecer uma cestinha com uma menina na frente de casa, vou querer (risos). Mas passar de novo por todo o processo de gravidez, enjoar, os primeiros meses do bebê, ficar sem dormir… Não consigo nem pensar nessa parte. Vivenciei muito isso. A adoção é um caminho. Tenho uma experiência de adoção na minha família muito feliz. Acho que para adotar você tem que estar num momento de pura dedicação. Você tem que ser mais responsável pelo filho adotivo, às vezes, mais do que com o biológico. É um chamado muito divino, quando você resolve pegar alguém e trazer pra si.

Você nunca ligou muito para o sucesso, né?
Sempre achei muito chato essas pessoas que se sentem descoladas das outras profissões porque são artistas. O trabalho do artista é como o trabalho de qualquer outro profissional. Não consigo achar que a gente está descolado em nenhum quesito. O que a gente tem de diferente é a visibilidade: a gente fica em uma vitrine o tempo todo. E ninguém consegue enxergar isso como um bônus. Mas isso é difícil, porque são expectativas que você tem que atender o tempo todo. Por outro lado, o bônus para mim é poder viver personagens diferentes, estar cada dia em um lugar, cada dia com uma equipe. O que as pessoas julgam que, às vezes, é o grande bônus, não é.

Como você se sente aos 40 anos?
Me sinto na minha melhor fase. Essa idade é muito especial. Quando eu era novinha, achava que com 40 estaria mais reservada. Tinha essa viagem, mas nunca trabalhei tanto na vida como agora, nunca estive numa fase tão produtiva. Me sinto madura para fazer tudo. Claro que nossa pele não tem mais o viço quando se tem 20 anos, mas acho que a forma do meu rosto está mais bonita hoje em dia.

Pensa em fazer plástica?
Não tenho nenhuma preocupação ainda em levantar uma coisa ou outra, gosto das minhas marquinhas. Até o que foi caindo estou gostando (risos). Está tudo bem! Eu percebo meus defeitos, a beleza que já me deixou. Mas a maturidade que vem me faz ter menos cobrança comigo mesma, assim me sinto mais bonita como nunca. Antes, me cobrava. Cobrava uma perfeição que não existe. Hoje, acho que o perfeito não tem graça, tem que ter uma coisinha errada. Tem que ter uma ruguinha sim, que dá o charme. A maturidade traz essa percepção. Esse olhar mais condescendente com nós mesmos.

Fonte: O DIA - https://fabiaoliveira.odia.ig.com.br/colunas/fabia-oliveira/2019/05/5643836-juliana-paes-sobre-chegar-aos-40---gosto-das-minhas-marquinhas--ate-o-que-foi-caindo-estou-gostando.html

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