Médicos retiram quatro das cerca de 50 agulhas de menino na Bahia
O procedimento cirúrgico para a retirada de agulhas que um menino de 2 anos tem espalhadas pelo corpo acabou por volta das 20h desta sexta-feira (18), segundo informou a assessoria do Hospital Ana Nery, em Salvador (BA). De acordo com o hospital, foram retiradas quatro agulhas – duas próximas ao pulmão esquerdo e duas que […]
O procedimento cirúrgico para a retirada de agulhas que um menino de 2 anos tem espalhadas pelo corpo acabou por volta das 20h desta sexta-feira (18), segundo informou a assessoria do Hospital Ana Nery, em Salvador (BA). De acordo com o hospital, foram retiradas quatro agulhas – duas próximas ao pulmão esquerdo e duas que estavam próximas ao coração.
Exames mostram que o menino tinha cerca de 50 agulhas espalhadas pelo corpo. A suspeita é de que o padrasto tenha sido o responsável por inserir as agulhas na criança. Ele foi preso preventivamente e, segundo a polícia, afirmou ter colocado os objetos em um ritual religioso. Outra duas mulheres foram presas pela suposta participação na ação.
De acordo com o hospital, a cirurgia foi bem sucedida e o menino passa bem. Ele foi encaminhado para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A operação durou cerca de cinco horas. Durante o procedimento, um coração mecânico foi utilizado para manter o garoto vivo. Cinco especialistas e um anestesista acompanharam a operação.
As agulhas foram colocadas pelo padrasto da criança, por vingança.
Nesta quinta-feira, o padrasto do menino, que confessou ter colocado as agulhas , deu detalhes sobre o crime. Roberto Carlos Magalhães, 30 anos, disse que comprava as agulhas e entregava a Angelina Capistana Ribeiro dos Santos, de 47 anos. A orientação para introduzir agulhas na criança teria sido dada por uma mulher que se diz mãe de santo, Maria dos Anjos do Nascimento, de 56 anos. Angelina nega e diz que está sendo acusada injustamente. Os três tiveram prisão preventiva decretada.
– A criança permanecia consciente e chorava muito – disse o delegado responsável pelo caso, Hélder Fernandes Santana.
O ritual teria sido feito porque Magalhães queria se vingar da companheira, a mãe do menino, com quem vivia há seis meses. Ele disse que levava o menino para a casa de Angelina, onde as agulhas eram introduzidas. O garoto era ainda obrigado a beber a água que tinha sido usada para lavar as agulhas. O padrasto disse que as agulhas foram introduzidas num período de um mês.
Os três acusados tiveram prisão decretada e serão indiciados por tentativa de homicídio. O menino, porém, corre o risco de morrer e poderá ter de passar o resto da vida com algumas das agulhas no organismo.
Além dos órgãos vitais, os médicos devem retirar agulhas do abdômen. Apenas as que não ameaçam a vida da criança devem ser mantidas, para evitar o risco de alguma complicação.
Professora do departamento de cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a médica Simone de Campos Vieira Abib contou que já atendeu uma criança que sobreviveu a um caso semelhante.
Mas a médica afirma que, se o objeto estiver perto de um grande vaso ou órgão, deve ser removido. Ela ressalta que é preciso avaliar o dano que as agulhas causaram, não necessariamente a presença delas no corpo.
– É possível que a retirada delas seja muito mais traumática. É preciso mover tecidos até chegar à agulha, o que danifica as estruturas na tentativa de achá-la dentro de um músculo, por exemplo. Não é só puxar – afirma.
Da redação do Portal Correio com O Globo e Terra
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