Agentes da PF entram na casa de Eike Batista, não o encontram e milionário já é considerado foragido na nova fase da lava jato
Defesa informou que ele está em viagem internacional, mas vai se entregar quando retornar
O empresário e dono do grupo EBX, Eike Batista, é alvo da Operação Eficiência, um desdobramento da Calicute e da Lava Jato, nesta quinta-feira (26). Agentes da PF (Polícia Federal) foram até a casa dele, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, para prendê-lo, mas não o encontraram. Eike já é considerado foragido.
Por volta das 6h, agentes entraram na mansão de Eike Batista, mas não o encontraram. A defesa do empresário informou que ele está fora do País, mas que ele vai se entregar à polícia quando retornar.
São cerca de 80 policiais federais em ação, que cumprem 9 mandados de prisão preventiva (entre eles, o de Eike Batista), quatro conduções coercitivas e 22 mandados de busca e apreensão. Todos foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Além de Eike, também são alvo da Eficiência o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, que está preso no Complexo Penitenciário de Bangu; o ex-secretário de governo da gestão Cabral, Wilson Carlos; e o operador financeiro e ex-sócio do ex-governador do Rio Carlos Miranda.
Esta não é a primeira vez que Eike Batista é alvo da PF. Em fevereiro de 2015, agentes federais foram à casa do empresário e levaram documentos, dinheiro, obras de arte, veículos de luxo, lanchas e computadores. Na época, também foram confiscados um piano e R$ 80 mil.
Até mesmo a ex-modelo Luma de Oliveira, ex-mulher com quem Eike permaneceu casado por mais de 10 anos, foi alvo dos agentes federais. Em maio de 2015, porém, a Justiça Federal determinou a devolução dos carrões e os outros bens a Eike.
Investigação
Iniciada a partir de colaborações premiadas, a investigação se concentra no ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB), líder do esquema, conforme o MPF (Ministério Público Federal), e aponta para crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro por causa da ocultação de aproximadamente US$ 100 milhões (cerca de R$ 340 milhões) em contas no exterior — boa parte dos valores já foi repatriada. Grandes empresários estão entre os investigados que tiveram a prisão preventiva decretada.
Os procuradores do MPF informaram que a organização criminosa liderada por Cabral movimentou, em dez meses (agosto de 2014 a junho de 2015), R$ 39,7 milhões — aproximadamente R$ 4 milhões por mês.
“A remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões (R$ 20,4 milhões). Mas esse alto valor em nada se compararia às surreais quantias amealhadas durante a gestão do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando ele acumulou mais de US$ 100 milhões em propinas, distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior”, afirmam os procuradores e coautores da petição da Operação Eficiência.
“Sua organização criminosa foi extremamente bem sucedida em seus objetivos, amealhou imensa fortuna distribuída a seus membros. E parte desses valores se descortina com esta medida cautelar”, completam.
Com o auxílio de colaboradores, o MPF já conseguiu repatriar cerca de R$ 270 milhões, que estão à disposição da Justiça Federal em conta aberta na Caixa. A força-tarefa solicitou cooperação internacional para o bloqueio e posterior repatriação dos valores ainda ocultos em outros países.
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