VÍDEO: Professora de Cajazeiras fala sobre caminhos percorridos na educação, dificuldades e suas contribuições
Maria Lisiê Saraiva Tavares atua no cenário educacional da cidade de Cajazeiras há quase 50 anos e afirma, "se existir reencarnação eu quero ser professora de novo"
O programa Interview Personalidades recebeu a professora Maria Lisiê Saraiva Tavares, de 68 anos, que atua no cenário educacional de Cajazeiras há quase 50 anos. Ela é natural de Aurora no Ceará e veio para terra que ensinou a Paraíba a ler com a família, pois o pai queria que seus filhos tivessem oportunidade de estudar.
Lisiê é a primogênita da família e conta ser bisneta de índia. Ela conta que seu pai era um entusiasta da educação. “Uma família sempre voltada para educação… o meu pai deixou tudo lá, o sítio, casa, tudo e veio aventurar aqui na paraíba com um único objetivo: educar os filhos; que todos tivessem acesso a educação e se formassem”, disse a professora.
Ela explica que em sua juventude enfrentou muitas dificuldades, “foi um período de sofrimento, mas eu conto para os meus filhos: com tanto sofrimento que nós tivemos no início; meu pai sempre com um sorriso no rosto, nunca demostrou tristeza nem nada e sempre com otimismo”, ressalta Lisiê.
Dos ensinamentos do pai a professora destaca: “ande com a verdade, sempre com a verdade. O maior ensinamento do meu pai”.
Lisiê falou que sempre foi uma criança que gostava de estudar e aos 4 anos de idade pedia a mãe livros ao invés de bonecas, disse também que o acesso a educação era muito difícil e foi a partir do momento que veio para Cajazeiras que as coisas começaram a melhorar.
Na cidade ela começou estudar no Carmelo, o colégio de freiras, mas depois fez a seleção para entrar na Escola Estadual.
“Eu estudava com as freiras lá do Carmelo e me envolvi muito; elas querendo que eu ficasse para ser freira. Aí eu disse: ‘mas eu quero seguir meus estudos’. Eu sempre fui muito dedicada ao estudo desde criança, ficava chorando para ir para a escola e muito viciada em ler; eu sempre fui devoradora de livros, desde criança; sempre curiosa, era muito -era não, ainda sou- muito curiosa e não me conformava com o que eu aprendia, eu queria sempre mais”, falou a educadora.
Lisiê também foi aluna do Colégio Comercial onde fez o Técnico em Contabilidade. Em 1957 recebeu o convite para trabalhar na Secretaria de Administração da Prefeitura de Cajazeiras. Já em 1974 teve uma breve experiencia na impressa, incentivada por Mazart Assis, onde foi locutora de um programa de rádio. “Seu Mazart foi um amigo, uma pessoa maravilhosa na minha vida de incentivar, de estimular, de orientar, de mostrar, de ensinar”, lembra a professora. Os tempos como comunicadora da impressa não durou, pois segundo ela não era o seu lugar.
Ela contou que fez parte da primeira turma de Licenciatura em História da antiga Universidade Federal da Paraíba, campus V, em Cajazeiras. A professora Lisiê explica que quando começou a lecionar sentiu um um amor profundo pela educação e afirma: “ainda hoje é esse amor que me sustenta, essa sede de aprender, essa vontade de contribuir e de ajudar, de ensinar, de passar para os outros minha experiência de vida; eu sinto prazer em ensinar o que eu sei”. A educadora já foi professora em diversas escolas da rede municipal, estadual e privada de ensino em Cajazeiras.
Lisiê diz que ainda não pensa em aposentadoria e mesmo com 48 anos de dedicação na rede estadual de ensino ela se sente cada vez mais motivada a continuar lecionando. Entre os fatos marcantes da sua trajetória em sala de aula ela destaca uma sexta-feira à noite, pós feriado, em que não espera que os alunos fossem para escola, mas ao chegar se deparou com suas turmas lhe esperando para assistir a aula.
E para os jovens ela deixa uma mensagem de convicção, que apesar das dificuldades a profissão ainda é uma das mais belas. “Para mim é a mais bela de todas as profissões. Eu sempre digo: ‘se existir reencarnação eu quero ser professora de novo’. Porque é uma riqueza, é um prêmio; pela sede de aprender, porque quando você ensina você aprende também, você é o mediador do conhecimento”, ressaltou Lisiê.
DIÁRIO DO SERTÃO
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