No Dia Mundial do Livro, conheça dez autores e autoras cajazeirenses da velha e da nova geração
Dos clássicos aos novos autores, de Cristiano Cartaxo a Lua Lacerda, autores locais produziram obras que ajudam a enriquecer a mitologia literária de Cajazeiras
No dia 23 de abril celebramos o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. A cidade de Cajazeiras, no Sertão paraibano, conhecida como ‘terra que ensinou a Paraíba a ler’, já tem na sua história literária e acadêmica uma bibliografia marcante.
Dos clássicos aos novos autores, de Cristiano Cartaxo a Lua Lacerda, autores e autoras locais produziram (e seguem produzindo) obras que ajudam a enriquecer a mitologia literária de Cajazeiras.
Por outro lado, essa lista evidencia um distante abismo cronológico entre a velha e a nova geração de escritores e escritoras cajazeirenses, assim como a necessidade de mais participação de mulheres na produção literária.
Eventos como o 1º Mulherio das Letras, que aconteceu na quarta-feira (20) em Cajazeiras, buscam dar visibilidade às artes de autoria feminina na região e incentivar outras mulheres.
Conheça dez autores e autoras cajazeirenses da velha e da nova geração
Cristiano Cartaxo
Cristiano Cartaxo (Cajazeiras, 6 de agosto de 1887 – Cajazeiras, 29 de agosto de 1975) é autor de dois livros de poesia publicados postumamente pela família na década de 1970: “40 Sonetos” e “A Musa Quase Toda”, que reúne todos os poemas do autor.
Cartaxo se formou em Medicina e foi farmacêutico, vereador, vice-prefeito e prefeito de Cajazeiras. Recusou ocupar uma das cadeiras da Academia Paraibana de Letras, ao que dizem, por modéstia.
Uma curiosidade sobre o poeta é que, embora conste do assentamento de seu batizado a data de nascimento 6 de agosto, seu aniversário sempre foi comemorado no dia 7 porque ele tinha misteriosa preferência por este número.
Ivan Bichara
Ivan Bichara (Cajazeiras, 24 de maio de 1918 – Rio de Janeiro, 11 de junho de 1998) publicou pelo menos seis livros, três de crítica literária e três romances: “Carcará” (José Olympio, 1984); “Tempo de Servidão” (José Olympio, 1988) e “Joana dos Santos” (Bertrand Brasil, 1995).
Foi advogado, procurador, deputado estadual, deputado federal, governador escolhido, diretor dos jornais “O Norte” e “A Imprensa”, fundador da cadeira número 6 da Academia Paraibana de Letras e ocupou vários cargos importantes no Rio de Janeiro.
Deusdedit Leitão
Considerado um dos principais pesquisadores da história da Paraíba e de Cajazeiras, o historiador autodidata Deusdedit Leitão (Cajazeiras, 7 de maio de 1921 – João Pessoa, 30 de março de 2010) se dedicou principalmente ao estudo da genealogia para contar as origens e as ramificações das famílias sertanejas. Tem dezenas de trabalhos públicados, entre artigos e livros, dos quais se destacam “Os Gomes Leitão – Ramos de Lavras, Crato e Cajazeiras”, “São José de Piranhas – Notas para a sua História”, “O Ensino Público na Paraíba – Síntese Histórica da Secretaria da Educação” e o mais notório de todos, “Inventário do Tempo” (Emporio Dos Livros. 2000).
Embora não tenha tido formação acadêmica, isso não o impediu de exercer as mais diversificadas funções ligadas à educação e à cultura do Estado.
Constantino Cartaxo
Filho de Cristiano Cartaxo, Tantino, como é chamado carinhosamente pelos amigos, ‘puxou’ do pai a paixão pela poesia. Dividiu-se entre a profissão de bancário e as “aventuras” como jogador de futebol, diretor de clubes recreativos e poeta. Em 2001 publicou “Emoções aos Pedaços” (EduPE, 2001) e em 2007 lançou “Engenho de Pau” (produção própria).
João Rolim da Cunha
Contador e funcionário público apaixonado pela história de Cajazeiras e do Sertão paraibano, João Rolim da Cunha (Cajazeiras, 12 de maio de 1914 – Cajazeiras, 24 de janeiro de 2013) deixou na sua bibliografia quatro livros marcantes: “Barra de Timbaúba (A União, 1994), “São José de Piranhas – Apontamentos para sua História” (A União, 1999), “Colégio Nossa Senhora de Lourdes – Cajazeiras” (A União, 2000) e “Caminhos Por Onde Andei” (Editora da UFPB, 2006).
Francisco Sales Cartaxo
Conhecido popularmente como Frassales, este dedicado historiador cajazeirense contribuiu com “Política nos Currais” (Acauã, 1979), “Do Bico de Pena à Urna Eletrônica” (Bagaço, 2006) e “Guerra ao Fanatismo – A Diocese de Cajazeiras no cerco ao Padre Cícero” (Livro Rápido, 2016).
Frassales é bacharel em Direito, foi secretário de Planejamento do governo de Ivan Bichara e secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco no governo de Miguel Arraes. É membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (ACAL).
Linaldo Guedes
Como jornalista, Linaldo atuou nos principais órgãos de comunicação da Paraíba e foi editor do suplemento literário Correio das Artes. É também co-fundador da Editora Arribaçã. Paralelamente a isso, construiu sua obra literária com livros essenciais para a poesia paraibana, a exemplo de “Os zumbis também escutam blues e outros poemas” (A União/Texto Arte Editora, 1998), “Singular e Plural na poesia de Augusto dos Anjos” (A União, 2000), “Intervalo Lírico” (Dinâmica, 2005), “Metáforas para um duelo no Sertão” (Patuá, 2012), “Receitas de como se tornar um bom escritor” (Chiado Editora, de Portugal, 2015), “Tara e outros Otimismos” (Patuá, 2016), “Padre Rolim em Quadrinhos” (Patmos, 2017) e “O Nirvana do Eu: os diálogos entre a poesia de Augusto dos Anjos e a doutrina budista” (Ideia, 2017).
Amanda K
Formada em Direito e atualmente servidora pública em João Pessoa, essa cajazeirense sempre conviveu às voltas com a literatura, até que em 2011 publicou o livro de contos “Cogumelos nascem no telhado”, vencedor do concurso nacional em homenagem aos 100 anos do Correio das Artes. Em 2018 foi a vez do livro de poesia “Vinis descascando pelas bordas” (Escaletas). Seu próximo lançamento será o livro de crônicas “Unhas, Política e Aristóteles”, vencedor do Concurso Polibio Alves, da Funjope.
Veruza Guedes
Embora tenha nascido em Cachoeira dos Índios, Veruza veio para Cajazeiras com apenas dois anos de idade, ou seja, não tem como não ser uma cajazeirense da gema. Em 2019 ela lançou seu primeiro livro, “Os baobás do Pirulito” (Arribaçã), que reúne crônicas/contos sobre Cajazeiras.
Veruza é formada em Letras pela UFCG e trabalhou com pesquisa em cultura popular. Tem textos publicados em coletâneas de Literatura e livro didático. É membro fundadora de coletivos culturais pelo sertão paraibano, movimentos que trabalham a produção cultural de forma independente. Atualmente, tem intensificado o trabalho em audiovisual, faz parte do Fórum Audiovisual Paraibano, assim como da UMA – União de Mulheres do Audiovisual Paraibano e do Tapuia Sertão Coletivo Audiovisual, atuando na produção de filmes e séries produzidos na Paraíba.
Lua Lacerda
A mais jovem poeta cajazeirense a publicar um livro, Lua Lacerda, de 22 anos, vive em João Pessoa, onde cursa a graduação em Jornalismo pela UFPB. Seu primeiro livro de poesia, “Redemunho”, foi publicado em 2020 pela Editora UFPB. No livro, Lua lança olhares sobre a trajetória histórico-social que há entre o Sertão e o Litoral paraibano.
“Redemunho se encontra entre essas perguntas cheias de angústias [não sei se vou ou se fico] e não oferece respostas porque a poesia não satisfaz como a ciência, e não é visível a olho nu como os poemas nos transformam e nos fazem tomar certas escolhas”, disse a poeta ao site da UFPB.
DIÁRIO DO SERTÃO
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