Sonhos
Quem são estes que sonham? Eles não dormem, mas, mesmo assim, sonham!
Sonham de olhos abertos e de mãos firmes, empenhadas na construção da própria felicidade. Sonham com um mundo diferente em que as desigualdades serão consideradas coisa de um passado que já não mais existe.
Sonham e trabalham, transformando possibilidade em realidade, provando que é possível não apenas idealizar, mas, principalmente, concretizar ideias, fruto da mais sincera vontade de acertar e de corrigir erros.
Sonham, trabalham e vivem de um modo novo, não contestando, mas atualizando suas vidas, seus trabalhos e seus sonhos, por vezes indo contra a corrente de sonhos, trabalhos e vidas pré-estabelecidos, impostos.
Sonham, trabalhando para viver.
Vivem, sonhando e trabalhando.
Trabalham, já vivendo seus sonhos.
Sonhos de crianças, sonhos de paz, de felicidade, de sadia convivência. Sonhos de ruas limpas e de ações limpas também. Sonhos de compreensão e aceitação e não de perseguição e de julgamento. Sonhos de vida e não de morte.
Sonhos assim, simples assim que, só de sonhar, dão vida a corações cansados e empedernidos. Sonhos que transformam e que renovam, sonhos que revigoram e que dão novo alento aos que já sentem a força enfraquecer.
Sonhos, só sonhos…
Sonhos que se sonham com o coração acordado, muito mais que com a mente adormecida.
Sonhos que fazem com que os poetas escrevam poemas, e os músicos componham melodias para eles; sonhos que conduzem a mão do pintor a executar uma tela linda, e o arquiteto a traçar no papel futuras curvas de concreto; sonhos que conduzem um triste à alegria, um pobre à riqueza, um pecador à graça, enfim, sonhos, apenas sonhos…
Não há ninguém que viva sem sonhos, até porque parece que os sonhos constituem a essência da própria vida. Pobrezinhos dos mortos: não têm mais sonhos. Os sonhos dos mortos existiram, não existem mais. Mais pobrezinhos deles ainda, se, quando vivos, não sonharam; passaram pela vida e não sonharam, ou melhor, não viveram.
E quando devemos deixar de sonhar? NUNCA!!! Mesmo no leito de morte, devemos lutar contra a ausência de sonhos. O último suspiro é o marco da resistência humana contra a falta de sonhos. No extremo da vida, o ato mais nobre de um homem é olhar para trás e constatar que valeu a pena viver, que valeu a pena sonhar, que valeu a pena trabalhar para ser feliz, mesmo em sendo necessário recomeçar muita coisa, inclusive a vida e os próprios sonhos.
E, àqueles que insistem em afirmar que não se deve sonhar, para quem sonhar é um risco ou mesmo uma loucura, um sorriso compadecido é a melhor de todas as respostas: lacônica, profunda e talvez comunicadora de um pouco de sonhos.
Viver é sonhar sempre.
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