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Maria do Carmo

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Recortes da história de uma professora

16/10/2019 às 16h05

Coluna de Maria do Carmo

Nascemos e começamos a viver. Bebezinho. Ficamos criança falamos as primeiras palavras. Chega a hora de ir para a escola choramos, sentimos a saudade da família, mas é hora de estudar preparar o futuro assim diziam os mais experientes.

A jornada começava na vida da menina simples quando sua mãe a encaminhava para a escola. Que mulher forte! Sábia por excelência! Mãe com visão de águia, já entendia que uma menina da zona rural precisava conquistar outros mundos através das veredas do saber.

Naquele tempo, era considerada uma pessoa alfabetizada quando conhecia as letrinhas do alfabeto, lia as sílabas que por sua vez formavam a palavra. Um exemplo: Um b com um o BO; Um L com a LA – BOLA. Prono, a menina entrou na escola já na 1ª série. Sua mãe já ensinara em casa. A escola era ficção porque funcionava na residência da professora. Existiam uns bancos de madeira apenas com o assento, um birô e o quadro- de – giz de cor preta. Estava preparada a sala de aula, superlotada de aluno todas as tardes.

A menina pálida, calada está em dos bancos daquela sala, observa a professora e a admirava. Era uma mulher corajosa ministrava aulas a várias séries no mesmo horário; era assim que funcionava. Atitudes, gestos e ações da professora eram bastante assimilados pela menina calada que passou a imitá-la nas brincadeiras no oitão da sua casa, o quadro – de – giz; as paredes de tijolos do armazém; e o giz; pedaços de carvão e os alunos; crianças da vizinhança ou as plantas: era muita fantasia na mente desta menina.

Uma cena belíssima: as aulas de leitura, todos os alunos sentados, o livro apoiado nas pernas, porque não tinha mesa. A professora lia muito bem, todos atentos: a qualquer momento ela pedia para o aluno continuar a leitura. A menina tímida gostava de ler, tremia um pouco, mas primava na pronuncia das palavras e na entonação da pontuação. Foi exatamente esta professora que traz no seu nome a significação da claridade, primeiro farol que iluminou o terreno do intelecto da humilde menina.

Os tempos passaram e a menina ruralista estudou o curso normal, o pedagógico. Um dia estava a normalista em frente a sua turma e a sua professora de Didática da Matemática para ministrar a primeira aula. Temerosa e cuidadosa ao mesmo tempo, a vontade de dar uma boa aula era forte e superava qualquer entrave. As frases ditas pela professora foram fortes colunas para quem almejava galgar os caminhos do magistério.

A estudante universitária estava iniciando outra trajetória nas salas de aula do Centro de Formação de Professores UFPB, desempregada, pegando carona nos carros dos professores e até carrocerias de caminhões. Coletivo? Só quando tinha algumas moedas. Era tão legal esta aventura, a arrancada para adquirir o conhecimento.

E agora, a jovem sonhadora, profissional da educação, sua prática docente não era diferente do que tinha vivenciado nas salas de aula, porém ela já percebia o início da carreira do magistério que também iniciava-se as inovações nas no tocante às novas metodologias de ensino como também as mudanças no contexto familiar e o despertar de concepções críticas para o bom exercício de cidadãos e cidadãs. Diante da diversidade de alunos na sala de aula surgiu a preocupação de despertar nos mesmos a chama da espiritualidade, do amor ao próximo e também a autoestima, autoconfiança. O quanto isso pode influenciar na aprendizagem do aluno.

E assim, conclui a professora: Ser professor, ser professora, trabalho que há sempre o exercício “do aprender mais” seja nos conteúdos específicos de cada disciplina associando conhecimentos múltiplos de sociologia, filosofia, psicologia, pedagogia e até a neuropsicopedagia, esta multidisciplinaridade flui nas manifestações inesperadas no universo da sala de aula, que com o olhar da experiência professores e professoras buscam entender seu alunado e fazer acontecer o sucesso do ensinar e do aprender.

Parabéns a toda a categoria dos professores. Ela precisa ser vista com bons olhos pela sociedade e pela classe representativa do poder político especificamente do Brasil.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 15 de Outubro de 2019


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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