Os governos menos importantes
Por Saulo Péricles Brocos Pires Ferreira – Meus grandes. Eu tive que ir a João Pessoa e no dia 09 do corrente havia uma comemoração dos 500 anos de nascimento de Luiz de Camões. Como eu sou um dos poucos velhos superados que teve a paciência de ter lido a Obra Maior da nossa “’Última flor do lácio”, na famosa frase de Rui Barbosa (apesar de esse epíteto na realidade deve ser atribuído ao romeno), mas mesmo depois que resolvi aparecer pela segunda vez nesse local. Na primeira, a pretexto de receber um autógrafo do seu livro. Na ocasião fui recebido pelo próprio José Américo, e como todo adolescente, seguindo as orientações de Dr. Sabino Rolim Guimarães, ousei fazer a pergunta de “onde estava o dinheiro”. Ao que fui respondido com um sorriso. José Américo era como um ser sobrenatural para mim.
Mas depois das divagações, e sabendo que o evento já tinha acabado, visitei a casa que havia visitado na década de 70 e depois de ver seu mausoléu, fui ver a “galeria dos governadores” que fica atrás da casa. E bem novinho (já o fui), nas comemorações do Centenário da criação do município de Cajazeiras, tive um encargo de auxiliar no governo Pedro Gondim, era o “segurador do microfone” dele, e apareci no cinema num documentário da Atlântida. também queria ver os feitos do único governador natural de minha terra, Ivan Bichara, tive dois desprazeres: o primeiro foi a declaração de que Pedro Gondim não teria sido governador, ao que eu perguntei: e de quem eu segurava o microfone: do bispo??
Depois eu falei que queria ver o acervo do Governo Ivan Bichara, ao que ela respondeu mais ou menos o seguinte: não posso lhe dar acesso, pois esses governadores menos importantes ainda não foram catalogados. Aí eu falei: então seu neto vai saber disso agora mesmo. E mandei uma mensagem para o grupo da ACAL. Depois ela me mostrou a sala de Ronaldo, e eu perguntei se tinha o revólver que ele atirou em Burity. Então para evitar um mal maior, decidi encerrar a visita. Eu estava pleno de raiva.
Ronaldo, apesar de eu adorar ele como muitas outras coisas, como governador, a única obra que ele fez em Cajazeiras foi a iluminação do Estádio Perpetão. Burity eu desafio um tijolo que ele tenha colocado sobre outro (seria uma obra) em Cajazeiras. Ele prometeu a segunda adutora, mas quando ele aparecia para pedir votos, o povo levava torneiras enormes para os comícios. Para constrange-lo.
Cássio foi humilhado por Ricardo no debate quando ele perguntou quantos ônibus ele tinha comprado para a paraíba ele tergiversou, Ricardo disse se eu disser que esse número é zero, o que você diz?
Esses são os governadores importantes. Ivan Pegou um Caos de Ernani Satyro e colocou as finanças em dia, fer muitas obras e acabou todas elas, além de fundar ou remodelar a Paraíba para o mundo moderno, e “ter trabalhado como um mouro” como ele escreveu com maestria, que refletia o que se fez no Governo Ivan Bichara e ser considerado um “governo menos importante”, considero uma colocação discriminatória e na realidade, ridícula.
Pode-se falar em desinformação, pois nós, seus conterrâneos cajazeirenses nunca nos debruçamos com o afinco que esse período tão importante tanto para nós quanto para a Paraíba o foi. E passado esse tempo, e reconhecido por pessoas alienígenas, pois quando Ivan Bichara foi indicado para ser governador da Paraíba, o pai de um colega meu deputado de Pernambuco, Dr. Geraldo Coelho, me mandou uma carta para os Estados Unidos me congratulando com a indicação de meu conterrâneo para governar nosso Estado.
Então vem a famosíssima pergunta de Gilberto Freyre, quando foi homenageado por paraibanos: “E para Augusto dos Anjos, seu poeta maior, o que vocês fizeram?” Respondo: fizemos um busto para ficar lá no fundo da Avenida João Pessoa, recebemos sua biblioteca pessoal da família, escrevemos um par de livros, republicanos o Carcará e mais nada.
Assim, uma pessoa despreparada como a que me guiou na Fundação Casa José Américo, em ressonância com o restante da Paraíba, tem essa impressão equivocada de um dos mais importantes e profícuos governos que nosso estado já teve.
É um dever de todos nós resgatarmos esse tempo, em que Cajazeiras era a “Terra do Governador”. Quem não dá valor ao que é seu, quem o dará?
Voltarei ao assunto.
Recife, 10 de agosto de 2024
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