Orçamento Democrático 2016
Por José Antonio
O governador Ricardo Coutinho deverá estar em Cajazeiras no próximo dia 18 de março para presidir mais uma plenária do Orçamento Democrático, versão 2016.
Quem participou da plenária do ano passado, as demandas apresentadas para o município de Cajazeiras não tiveram a repercussão que se esperava e o que foi solicitado ficou muito aquém das necessidades da cidade.
Vale lembrar que a cada plenária reapresentamos praticamente os mesmos problemas e necessidades. As lideranças comunitárias e políticas precisam, antes da plenária, tentar unificar o discurso e encaminhá-lo de forma que convença o governo do estado buscar soluções.
Na minha modesta opinião nesta plenária deveríamos pensar diferente com relação às nossas demandas, que deveriam ser em função do futuro do município e muitas são as indagações que nos levam a refletir quais os caminhos que deveríamos trilhar para que possamos ter um futuro promissor.
A majestosa Catedral de Nossa Senhora da Piedade tem uma torre de 45 metros de altura e do seu alto dá para contemplar toda a cidade de Cajazeiras. Quem esteve há vinte anos, ao voltar hoje ao seu topo, verá o quanto a cidade de Cajazeiras cresceu e juntos vieram os problemas e um deles seria a questão do saneamento básico. Todos os vinte e oito novos loteamentos precisam ter os seus esgotos interligados à estação de tratamento da Cagepa, sem esquecermos que o da Zona Norte iniciado há mais de cinco anos ainda não foi concluído e atualmente está com suas obras paralisadas.
Do alto lanço um olhar para o leste e vejo que o trem não mais existe e que nossa luta para que tenhamos a Ferrovia Transnordestina sequer foi iniciada e isto significa que uma das grandes riquezas, que é o minério de ferro das minas do Patamuté vai continuar debaixo da terra por falta de transporte ferroviário.
Ainda ao leste vejo que a beleza natural do morro foi ofuscada, onde foi erigida a Estátua do Cristo Redentor, inaugurada em 1939, desapareceu e ficou perdida entre um emaranhado de antenas e no seu sopé se ergueu uma favela e as grandiosas caixas para receber as águas que vêm do Açude de Boqueirão de Piranhas e que continuam sendo insuficientes para abastecer os habitantes da cidade, tiram a beleza e a imponência deste histórico lugar. Porque então não solicitar do governo para incluir no OD de 2016, a sua urbanização?
Ao sul fica o lixão da cidade, que já foi um aterro sanitário, orgulho para a cidade, por ser apenas, na época, três em toda a Paraíba a possuir este importante equipamento. O lixo é e será sempre um grande problema para nossos administradores. Não seria o caso de se pensar num projeto ousado para se dar um novo destino ao lixo da cidade?
Nesta zona da cidade, para aumentar mais ainda as questões urbanas, surgiu uma enorme favela, conhecida como Campo do Vaqueiro, a partir da invasão de um loteamento e hoje se constitui como um dos mais sérios problemas sociais de nossa urbe e já que o município não possui recursos para melhorar esta área, porque não incluir uma solicitação para urbanizá-lo?
Ao leste, onde o sol se põe refletindo seus raios nas águas do poético Açude Grande, transformando este momento numa rara beleza da natureza, infelizmente, este espetáculo, esconde uma triste realidade que vive este manancial de mais de dois milhões e meio de metros cúbicos d água, que nos últimos 50 anos se transformou numa grande cloaca. A água armazenada por este açude, desde o ano de 1800, até 1964, matou a sede do povo de Cajazeiras, hoje está poluído e imprestável para o consumo humano. Uma lástima e ao mesmo tempo um luxo se ter um volume de água deste porte servindo apenas de embelezamento, quando nos dias atuais muitas comunidades rurais estão tendo sérias dificuldades para ter água para beber. Não seria ocaso do governo do estado, ao invés do município ficar responsável por sua urbanização?
Depois do açude, às margens da BR-230, uma esperança: o novo aeroporto, uma promessa de 6.000 dias, que já chega acompanhada de outra: a do retorno da linha aérea que perdemos na década de 60. Será que 60 anos depois, mais de uma geração, vamos reconquistar o que perdemos?
Cajazeiras viveu, ao longo da década de sessenta e inicio da de setenta, um longo período de retrocesso e de perdas: primeiro foi o trem, depois o avião, as safras e as usinas de algodão, símbolos de nossa riqueza, a concessionária Chevrolet, os padres Salesianos e as Irmãs Dorotéias que educaram gerações, além da pouca representatividade política a níveis estadual e federal. Teria sido o nosso “período de trevas”?
Estes fatos podem ter contribuído para a baixa estima de muitos cajazeirenses e a pouca disposição de luta para a reconquista destes empreendimentos e destes valores imensuráveis. Em 1972, recém licenciado em História, escrevi uma série de artigos com o titulo “Cajazeiras, cidade do já teve”, que irritou várias lideranças políticas da cidade, acompanhado de uma observação: “esse menino mal chegou a Cajazeiras e já está querendo denegrir a imagem da cidade”?
Neste mundo globalizado em que vivemos quem domina é a lei de mercado e como o nosso peso representa menos que uma pena de um sabiá, imagine quantas lutas teremos que enfrentar para a reconquista de tudo que perdemos, além de agregar novas lutas em outras fronteiras.
Pensemos qual a nossa Cajazeiras do futuro!
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário