O martelo federal de Gobira
Cajazeiras sempre foi muito benevolente com os candidatos de outras cidades. Em seguidas eleições ela ajuda a levar para Brasília políticos de Campina Grande, Patos, Sousa, Catolé do Rocha, Pombal, Conceição. Até de Uiraúna. Poucos desses deputados se integram às preocupações de nossa comunidade. De quem é a culpa? Parte da culpa cabe mais às nossas lideranças e menos ao eleitorado. Falta-lhes visão estratégica. Colocam em primeiro plano os interesses imediatos, priorizam os negócios eleitorais. Por isso, amargamos a frustração de ver definhar, a cada ano, a força política de Cajazeiras. E presenciamos um martelo a dar lição com carta de A B C…
Ao longo dos 40 anos da República Velha (1889-1930), apenas um cajazeirense foi deputado federal, atuando na primeira Constituinte republicana, Antônio Joaquim do Couto Cartaxo, cujo irmão, tenente João Cartaxo, fora assassinado em 1872, quando do chamado “morticínio eleitoral de Cajazeiras”. Aliás, esse fato contribuiu para sua escolha, numa reparação ao sacrifício do jovem chefe do Partido Liberal. Entre 1930 e o golpe de 1964, foi a vez de outro filho da terra, Ivan Bichara Sobreira, ser eleito em 1958 e 1962, mesmo assim com pequeno adjutório de Cajazeiras, posto que Ivan nucleou sua força política em Guarabira, terra de sua esposa, dona Mirtes Almeida, sobrinha do grande comandante José Américo.
Na época da ditadura (1964-1985), Edme Tavares consolidou seu prestígio, tanto que em 1983 foi para Brasília, sendo reconduzido no pleito seguinte. Não logrou sucesso na terceira tentativa. Os médicos Zuca Moreira e José Aldemir foram deputados federais de um mandato apenas. Chico Rolim, Vituriano de Abreu bem que tentaram uma cadeira, mas só conseguiram honrosas suplências, chegando a esquentar o assento algum tempo. E foi só. No pleito passado, Jeová Campos, instigado pelas recorrentes brigas internas do PT, entrou para prejudicar Luiz Couto. Deu-se mal. Não passou de um vendaval de andanças, festas e gastos!
Na eleição de 2010, Cajazeiras deu votos a 63 candidatos a deputado federal. Cinco dos quais com mais de mil votos cada, 15 amealharam entre 50 e mil votos. Na ponta de rama, formada por 43 candidatos, cada um não alcançou 50 sufrágios, incluindo 32 com apenas um voto! O campeão no município de Cajazeiras foi Jeová Campos (PT), com 12.776 votos. Ele somou 13.982 nas duas zonas eleitorais, que engloba Cachoeira dos Índios e Bom Jesus. Os outros cinco mais bem votados nos três municípios foram: Wellington Roberto (5.601), Efraim Filho (5.122), Luiz Couto (1.745), Armando Abílio (1.450) e Major Fábio (1.125).
Este ano, a expectativa se volta para Antonio Gobira.
Sua votação suplantará a de Jeová em 2010? Será maior do que a soma dos candidatos apoiados pelos chefes e chefetes locais? Ih, gente, quem garantiu que o negócio de venda de votos é “prego batido, ponta virada”, vai ficar de cara mexendo… E dedo inchado. O martelo está com Antônio Gobira, o sapateiro que caiu no gosto do povo. A essa altura, ele entornou o caldo, com suas vestes exóticas, suas bravatas, “jumeatas”, fantasias e sua fala louca, rouca. Em síntese, bagunçou o mercado, virando pelo avesso o balcão de negócio do voto. Um horror para quem vendeu mercadoria que não tinha para a entrega… Gobira alastra-se pela Paraíba. Só Deus sabe até aonde vai o martelo de Gobira!
Cajazeirense residente no Recife. [email protected]
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