O livro de Helder Moura sobre Dom Zacarias
Por José Antonio
O livro recém-lançado, em Cajazeiras: “Dom Zacarias Rolim de Moura – Fé e Espiritualidade, Educação e Cultura”, da lavra de Helder Ferreira de Moura, editado pela “Arribaçã” (2021) e que teve a Revisão e Supervisão Editorial do Professor Francelino Soares, não é só um resgate da vida deste eminente bispo, mas é um profundo gesto de justiça realizado pelo seu sobrinho, cujo desejo e incentivo para publicá-lo deve ter se tornado mais presente em sua vida após o seu ingresso na Academia de Artes e Letras de Cajazeiras, acadêmico que enobrece os quadros desta instituição.
Este livro nos leva a reflexões profundas e tira dúvidas de alguns sobre a visão de que Zacarias só “gostava” de dinheiro, ledo engano. Porque consideravam Zacarias “um conservador”? Mas seria ele um conservador ou um bispo obediente aos preceitos da igreja? Já escrevi antes que via em Zacarias um grande revolucionário, um homem de visão e de empreendedorismo além do seu tempo e o que eu dissera antes, as pesquisas de Helder comprovam abundantemente.
Dom Zacarias, nos seus 37 anos de bispado fez muito além das realizações de alguns prefeitos de Cajazeiras e na área de educação teve a visão profética e pioneirismo de fundar a FAFIC e foi o grande responsável de transformá-la no que é hoje o Campus da Universidade Federal de Campina Grande. Não teria Ele sido igual a Padre Rolim, que ficou consagrado graças a educação e que só através dela se poderia fazer uma revolução?
Lamento profundamente que Helder, assim como eu, ainda não tenhamos tido a oportunidade de resgatar as preciosas e valiosas “anotações diárias” do Monsenhor Vicente Freitas, que foi ao longo de décadas o mais fiel sacerdote do episcopado de Zacarias. Vale lembrar que a constituição societária da Rádio Alto Piranhas era formada por Dom Zacarias, Monsenhor Abdon Pereira e Monsenhor Vicente como administrador. Vicente foi o “ministro das finanças” de Zacarias, que a ele confiava todos os negócios da diocese. Eu vi, por dezenas de vezes, Monsenhor Vicente fazendo estas anotações num diário, aonde registrava os fatos, as confidências e até inconfidências e com certeza foi o cajazeirense, depois de Deusdedit Leitão que mais produziu/compilou fontes sobre a história de Cajazeiras. Onde estão estas anotações?
O livro de Helder abre os caminhos para uma ou mais teses de doutorado, onde com certeza, ficaria comprovado se Zacarias era “conservador” ou não, porque as suas ações, contrárias a esta tese, esmiuçadamente, vão sendo pontilhadas em todas as páginas do livro. Basta saber a quem Zacarias teria recorrido para conseguir a liberação da Rádio Alto Piranhas, dentre eles nada menos que a Dom Helder Câmara, de quem era grande amigo e o chamava de “profeta”. Esta palavra eu ouvi mais de uma vez da boca dele.
Outro capítulo que me chamou a atenção foi o depoimento de Monsenhor Gervásio, rico em detalhes, mas tenho plena certeza que o nosso estimado e querido amigo Gervásio ainda tem muitas revelações sobre Zacarias e não devemos esquecer que ele já está pertinho dos 90 anos, muito embora já tenha “me convidado” para as comemorações de seus 100 anos de vida, é preciso fazer muitas gravações com o mesmo, já que ele não “gosta de escrever”.
Quando eu terminei de ler as 208 páginas do livro de Helder, conclui mais uma vez que a História de Cajazeiras não se pode escrevê-la deixando de lado a Diocese e o capítulo mais importante foi o bispado de 37 anos de Zacarias: “o nosso Profeta”.
Parabéns Helder!
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