O leque de dificuldades do magistério paraibano
Por Maria do Carmo de Santana
Uma boa parte do quadro dos servidores do estado da Paraíba é constituída por educadores: grandes colaboradores na formação intelectual e profissional das outras categorias, contudo a classe do magistério é julgada através de conceitos discriminatórios causando desvalorização e marginalização da mesma. Exemplificamos alguns destes conceitos.
Vivemos em país capitalista no qual a valorização do indivíduo é considerada “pelo o que tem e não pelo que é”. Mediante este juízo de valor, o professor e a professora passam a ser vistos como classe C uma vez ganhando pouco, o capital é reduzido, os bens culturais não determinam uma posição social de destacada na sociedade de consumo, enquanto que outros profissionais são bem remunerados tornando classes privilegiadas porque o aspecto financeiro prevalece e consequentemente a conquista de um bom status no meio social.
Economicamente a categoria do magistério público depende do gerenciamento econômico do estado que em consonância com as leis determinam as boas ou as más condições financeiras e a boa qualificação de educadores e educadoras, sem se falar também dos direitos trabalhistas conquistados através da organização da classe tais como: Lei de Diretrizes e Base da Educação, Piso Nacional, Plano Nacional da Educação e Plano de Cargo e Carreira e Remuneração.
Fica complicado, quando este conjunto de diretrizes oficializadas e legais a fim de garantir a valorização dos profissionais da educação cai por terra através das famosas Medidas Provisórias as quais têm como metodologia fechar o diálogo entre governo e servidores e ao mesmo tempo anular direitos assegurados por lei e conquistados através das lutas da classe trabalhadora.
O PCCR do magistério foi invalidado através de uma Medida Provisória e pelo que se sabe, foi reformulado pela comissão formada por representações do governo e do sindicato, estando agora sendo analisado pelo governo e depois tramitará nas comissões da assembléia, para então ir para a plenária e ser sancionado pelo governo, todo este processo leva tempo porque há discussões e reformulações do documento. A MP 242 agora em 2016 suspende a data-base de reajuste dos salários dos servidores estaduais e mais uma vez o magistério perde atualização do Piso Nacional além do congelamento das progressões.
O ponto positivo das MPs é proporcionar à população o conhecimento do comportamento de grande parte dos parlamentares estaduais que: em vez de ficar na defesa dos direitos dos trabalhadores se tornam inimigos dos mesmos tomando posições favoráveis a medidas prejudiciais a classe trabalhadora como um todo.
Qual é seria o objetivo de ser deputado? Defender as causas do povo ou direcionar os interesses próprios traindo a confiança daqueles que votaram e acreditando nas falsas promessas de campanha?
A família é outro importante segmento que poderia funcionar como fortes aliados dos educadores, quando os mesmos encaminham movimentos reivindicatórios, porém somente uma pequena minoria fica ao lado destes educadores, a intolerância transforma as famílias em verdadeiros carrascos contra a classe orientadora dos seus próprios filhos. Uma das razões diz respeito à visão deturpada e o julgamento discriminatório que se faz do professor e da professora do ponto de vista econômico: “não são ricos não são importantes e o que perceber como subsídio financeiro já basta”, prevalece a ideia errônea da desvalorização do trabalho de educar, de formar cidadãos para viverem dignamente na sociedade.
Uma boa parte dos meios de comunicação de massa mantém posições oscilantes em relação à valorização dos educadores, uma hora defendem e reconhecem a importância dos mesmos, mas quando se deflagra uma greve a posição é invertida e aí, ninguém mais fica a favor dos educadores. Por que esta dupla posição? Por outro lado, há o conhecimento de que a comunicação objetiva informar, conscientizar e defender direitos independentemente da categoria. Será que não está havendo incoerência com o verdadeiro objetivo de fazer comunicação? Este assunto merece reflexões.
Outra realidade triste do magistério, diz respeito à desunião que existe internamente, através de atitudes mesquinhas dentro da própria escola e quando de se trata de movimentos de lutas em favor da categoria se presencia quantas visões estreitas por parte de muitos educadores. Isto compromete a identidade do que significa ser educador e educadora refletindo negativamente, colaborando assim para o fracasso e o desrespeito da sociedade enquanto categoria que lida com educação.
A Paraíba é o único estado da federação que tem duas representações do magistério oficializadas: SINTEP e APLP. Ultimamente se percebe que há discursos persuasivos e certas atitudes por parte de uma das instituições classistas que dá margem a significações separatistas. Neste contexto fica complicado, porque ao invés de se engajar os dois segmentos classistas fortalecidos pela união a favor de uma categoria que tem lá suas dificuldades; prega-se a discórdia colocando os educadores associados e sindicalizados na berlinda.
Para lutar contra estas realidades patentes e fazer reconhecer a dignidade de uma categoria tão importante, é preciso que o professores e professoras sejam mais informados, mais politizados e mais companheiros: só assim se fortalece uma categoria peça fundamental no desenvolvimento do país.
Professora Maria do Carmo de Santana
Cajazeiras – março de 2016
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