O espelho
Por Maria do Carmo
O “Açude Grande de Cajazeiras,” belo espelho, imponente enfeite da cidade. Sem escurecer a realidade de um espetáculo natural, é agradável olhar para exuberante paisagem, se deleitar no lirismo e nas conotações tornando mais colorido os contornos da descrição deste lindo espaço aquático.
Nas águas deste “Açude”, numa filmagem perfeita a imagem do céu é refletida, entre o contraste de sombras e claridades do sol pode se vê as brancas nuvens em movimentos continuados. Através dos ventos as águas formam pequenas ondas como se fossem bordados de alto relevo semelhante à arquitetura da arte barroca. De acordo com o movimento do sol, as águas do Açude Grande ganham qualidades da cor prata nos dias de sol claro, de verde-escuro quando o sol está por trás das nuvens e o dourado especial do tradicional entardecer de Cajazeiras.
Há um universo submerso nas águas contaminadas do “Açude”; são os animaizinhos aquáticos que constroem seu habitat entre as plantas e pedras. Quantas vezes ao amanhecer do dia, os habitantes da cidade assistem aos desfiles majestosos das galinhas d’água sobre as folhas de vitória-régia exibindo na passarela a arte de caminhar nas as águas. O mistério se encontra na planta popularmente conhecida pelo nome de baronesa que ora ficam ocultas, ora aparecem na superfície da água construindo famosos acidentes geográficos como arquipélagos e lagos tudo através do veludado verde desta planta.
Os bandos de garças sobrevoando as margens do Açude, parecidas com mantos brancos que aterrissam nas rochas e nas plantas que compõem o relevo e em volta do “Açude”. Ao entardecer os peixes; importantes habitantes das águas do “Açude”, brincam, saltitam emergindo e imergindo na busca de comer mosquitos e besouros para variar o cardápio, neste movimento o malabarismo dos peixes produz borbulhas na água e barulhos de sinfonias naturais.
O que ainda resta de margem do “Açude” avista-se a vegetação que nas épocas chuvosas tornam-se mais verdes e acompanha a orla respeitando a forma que as águas dão com recortes como saliências adentrando às mesmas ou em outro lugar braços de água cobrindo a terra caracterizando uma piscina de encantos naturais. À noite os reflexos das lâmpadas nas águas se assemelham à luminárias produzidas pelas mãos de dedicados arquitetos futuristas. As folhas de vitória-régia se distribuem num combinado perfeito, matames de bordados cobrindo as águas da orla com um rendão natural decorando-o com o charme das vitórias-régias desabrochadas dos botões.
É assim o exuberante conjunto paisagístico do “Açude Grande”, além de ser o mais lindo cartão postal da cidade é também o refrigerado natural e quem já assistiu pela manhã a evaporação das águas subindo das mesmas, através da condensação uma fumaça com se fossem tecidos brancos transparentes em direção ao céu na de formar mais uma nuvem e quem sabe derramar as suas gotículas abençoadas. Entre tantos rebuscamentos naturais, no “Açude Grande de Cajazeiras” há um “grito”, o grito que clama para a preservação do mesmo. A cidade exige isso afinal é ele que a deixa mais bonita.
Professora Maria do Carmo de Santana
Cajazeiras – abril de 2016
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