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José Antonio

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O Distrito de Engenheiro Ávidos: a construção do açude (III)

14/11/2015 às 19h40

Por José Antônio

Uma das providências para as obras do Açude Piranhas, iniciadas no dia 1ªº de julho de 1921, foi a construção de uma rodagem ligando o Sítio Santo Antonio, atual BR 230, ao acampamento de Boqueirão para transporte das máquinas e material de construção.

Foram construídas várias pontes de cimento armado, ao longo da estrada, para que nos tempos de inverno, permitissem o livre trânsito dos caminhões que transportavam materiais de construção e dos carros dos americanos, dentre elas: a do Riacho Fundo, do Riacho dos Coxos e da Malhada Grande, ainda hoje servindo, mas muito estreitas e só dão passagem a um veículo de cada vez. Por incrível que pareça ainda tem uma ponte feita com uma folha de ferro escorada por cimento armado, próxima à entrada da Vila.  

Foram construídas várias casas, ainda existentes, que pertencem ao DNOCS e uma ponte de madeira em cima de cabos de aço na passagem do rio. Esta ponte pênsil nunca saiu da minha memória e vagueia nas minhas lembranças porque gostava de percorrê-la para sentir a sensação da altura e de seus leves balanços. Infelizmente foi destruída e em seu lugar foi edificada uma ponte de concreto armado, no primeiro governo de Tarcizo Buriti, com verbas conseguidas por Raimundo Lira, que nasceu no Distrito, à época senador da República.

Dois grandes guindastes foram montados, o primeiro a um quilômetro de distância da parede – ao oeste, na propriedade de Manoel Baltazar e que durante todo o tempo que funcionou foi manobrado pelo Mestre Alfredo. O segundo ficou acima do local da parede a uns quinhentos metros, na propriedade de Herculano Braz da Silva e era manobrado pelo Mestre Liberato.

Para o transporte das pedras para a parede foi construída uma linha de ferro que interligava o açude a pedreira do mestre Alfredo e enormes caçambas eram puxadas por uma locomotiva que ficou conhecida por “cafuringa”.

A construção de uma barragem, acima do local da parede do açude um quilômetro, para o abastecimento de água, mas que não deu certo e toda a população foi abastecida com as águas de um poço, batizado de “Clarião”, que ficava a uns 500 metros do açude.

Tinha um detalhe: os americanos não bebiam da água do poço, mas de um olho d’água, ainda nos dias atuais muito famoso, conhecido como Brejo da Mariana, situado a oito quilômetros de distância, na fralda da serra, no município de São José de Piranhas, nas terras do senhor Severino Lins, que ganhou muito dinheiro dos americanos transportando água em dorsos de animais.

Vale lembrar que durante muitos anos, a água desta nascente foi utilizada por meus pais, em nossa residência e também por minha mãe que fazia refresco e picolé para vender em Boqueirão, utilizando uma geladeira a querosene comprada por meu pai em Campina Grande e que fez sucesso no vilarejo, no início da década de 50, 14 anos depois da inauguração do açude.

Foram construídas ainda caixas d’água na fralda da serra, onde os motores bomba movidos a energia da casa de força puxavam água do poço do Clarião e das caixas canalizar para as casas e para os chafarizes instalados nas ruas para as demais pessoas e para os carros pipa que aguavam as ruas, as rodagens e para o barro vermelho utilizado na construção da parede, que passava por um rigoroso processo de análise.

Foi montada uma empresa de luz, com máquinas movidas a fogo de lenha, super potente, que fornecia energia para toda a população, para os guindastes e fazer mover outros motores. 

Vale ressaltar que depois de concluída a obra, no pé da parede do açude foi instalada uma pequena turbina cuja força da água, vinda de um grande tubo de ferro, foi a responsável pelo fornecimento de energia, durante décadas, para a Vila de Boqueirão e que ainda hoje lá se encontram os restos dos equipamentos, corroídos pelo tempo e que poderia ser reativada, com turbinas mais potentes, e voltar a fornecer energia para um grande número de usuários. Ainda hoje é um ponto de referência do Distrito e é conhecida como “turbina”.

Um enorme galpão, com teto de ferro e zinco, que funcionou como almoxarifado, retratava a grandeza da obra e é dos poucos equipamentos que resta em pé, como símbolo da construção e desafiando o tempo como único testemunho do progresso que chegava ao Distrito de Boqueirão.
Na próxima semana mais um capitulo do que será o livro “Filhos da Seca”.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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