O destino foi cruel com Eduardo Campos
O destino foi cruel com Eduardo. Ele começava a viver o momento mais importante de sua vida. Mês passado perdera Ariano Suassuna, amigo e conselheiro, também de seu avô, Miguel Arraes. Ariano e Arraes moravam em casas na rua do Chacon, uma defronte da outra. O destino foi muito cruel com Eduardo, jovem político em ascensão, que buscava com tenacidade seus objetivos nacionais. Não por capricho para realizar projeto pessoal, mas por que acreditava no resultado do trabalho como forma de ajudar as pessoas a viverem melhor. Por isso, era tão querido dos pernambucanos, que lhe reconduziram ao governo do estado com mais de 83% dos votos no pleito de 2010. Índice desse nível não se conquista com jogadas de marketing. É balela pensar isso. Nenhum governante alcança a quase unanimidade sem que homens e mulheres sintam melhorias em suas vidas. Aí está a razão fundamental da popularidade de Eduardo. Há outros fatores, claro. A imensa capacidade de ouvir e acatar opiniões contrárias as suas, desde que estas fossem reais, fortes, convincentes. E boas para a população. Conheço casos reais. E mais, como líder, Eduardo sabia transigir, conciliar sem, contudo, abrir mão de princípios fundamentais. E bem verdade que era ajudado nessa tarefa por seu enorme poder de sedução. Além de tudo era exímio contador de causos.
Falo assim não porque Eduardo morreu nas condições trágicas conhecidas por todos. Nada disso. Falo por tê-lo conhecido de perto. Convivemos no governo de Miguel Arraes, ele Secretário da Fazenda eu assessor especial do governador e, depois, presidente de uma empresa estatal vinculada àquela secretaria de estado, cuja implantação doutor Arraes me confiou. Mais tarde, Eduardo já governador, tive a chance, como integrante de equipe de consultores, de acompanhar os passos iniciais da montagem e operação do Plano de Governo e do Orçamento Democrático Regionalizado. Experiência de sucesso, faceta essencial do modelo de gestão implantado logo no início de seu primeiro quatriênio, como governador de Pernambuco. Modelo de gestão, aliás, premiado pelas Nações Unidas. A candidatura à presidência da República tinha tudo a ver com o extraordinário êxito de sua administração em Pernambuco. Eduardo amadureceu muito nestes últimos anos. Estava preparado para governar o Brasil. Marina Silva chegou a ficar espantada com essas qualidades dele, quando passou a conhecê-lo melhor, após ver frustrado seu objetivo de transformar a Rede em partido político.
O destino foi muito cruel com Eduardo. A viúva Renata Campos segredou, em meio à comoção do velório, que Eduardo amanhecera na quarta feira, 13, com a certeza de ser levado ao segundo turno, confiante na repercussão da entrevista concedida na véspera ao Jornal Nacional. Renata falou isso contendo as lágrimas, abafando o sentimento de perda do marido, no melhor momento dele na campanha, como ela deixou escapar no desabafo feito ao lado do caixão onde puseram o que restou do corpo de Eduardo. Segunda-feira, Renata prometeu trabalhar dobrado. Agora, pelos dois. Assim ela demonstrará que “não vamos desistir do Brasil”, em nome do legado de Eduardo Campos, com quem o destino foi cruel. Muito cruel.
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