Minha Estrela Guia*
Por José Antonio
Com o nascimento de Cristo, alguns magos do Oriente viram uma estrela, a Estrela de Belém ou Estrela Guia e foram guiados por ela até o local onde estava o menino Jesus em sua manjedoura.
Ouvi sobre este fato ainda muito jovem, talvez nas aulas do catecismo, com o objetivo de fazer minha primeira comunhão, lá no inicio da década de 50, na Capela de Nossa Senhora Aparecida, no Distrito e Engenheiro Avidos. Tenho este registro, feito por um daqueles raros fotógrafos, tipo lambe-lambe.
Aprendi a rezar no colo de minha avó Bilinha – Izabel Rodrigues de Albuquerque, já viúva de meu avô paterno – José Antonio de Albuquerque. Vó Bilinha casou-se muito jovem, aos 17 anos de idade e conheceu seu noivo, com mais de 60 anos, no dia do casamento. Havia sido prometida ao então Coronel José Antonio, que vinha de uma viuvez de seu primeiro matrimônio, que faleceu oito anos depois do nascimento do seu primogênito, Francisco Arcanjo de Albuquerque.
Só muito tempo depois é que pude me indagar qual é a importância do nascimento de Jesus para a humanidade, cuja primeira lição foi a da humildade, ao nascer numa manjedoura? Aprendi que do ponto de vista bíblico o seu nascimento significa: “a entrada de Deus na essência humana”
Jesus nos deixou um legado imensurável: o do amor ao próximo, um dos caminhos para fazer um ser humano feliz.
Ainda com o passar dos tempos entendi que a Natividade faz a aproximação entre os homens, livrando-os do egoísmo e do individualismo, fazendo-os mais humildes e abrindo os seus corações para a fraternidade, através dos seus ensinamentos e atos.
O que devemos refletir no Natal? Além de celebrar a paz, a saúde, o amor, a justiça, a fraternidade, a bondade, o compartilhamento e a empatia, vejo que temos a necessidade de acreditar em Papai Noel e no nascimento de Jesus porque são símbolos da esperança, da crença (independente de qual seja), das relações humanas e de uma fé que não podemos perder.
No ano passado, na noite de Natal, procurei um lugar onde pudesse ver as estrelas, principalmente uma que costumamos chamar de “estrela guia” e ao imaginar que uma delas seria a que buscava, nos céus iluminados do nosso sertão, pedi pra ela que pudesse também, da mesma forma que fez com Os Magos do Oriente, me levar até a manjedoura onde estava Jesus, o Nazareno.
Nesta bela noite de Natal, lembrei-me da irônica inscrição latina: INRI, iniciais de Jesus Nazareno Rei dos Judeus e da ruindade de Pilatos na ignominiosa sentença de morte do filho de Deus. Havia, na época, uma prática comum de se colocar em tabuleta, na própria cruz, o motivo da morte do condenado.
O que Jesus disse quando Pilatos perguntou se ele era rei?
Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?” Pilatos falou: “Por acaso sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim”, mas a reposta de Jesus foi o silêncio.
Para que Pilatos condenasse Jesus à morte, precisava de factos que implicassem a sua autoridade, precisava de uma culpabilidade terrena e política. Por isso os acusadores levaram Jesus até Pilatos apresentando-o como o malfeitor que se autoproclamava rei dos judeus. Teria sido o julgamento de Jesus Cristo o maior erro judiciário da História?
Não sei por que andei “misturando” a Natividade de Jesus, com a sua condenação e morte. Acho que estou contaminado com as noticias que leio nos jornais, ouço nos rádios e vejo na televisão de tanta gente, nos últimos tempos, sendo presa sem nenhum julgamento e sem culpa formada, só com uma simples canetada.
Que minha “Estrela Guia” me ilumine e me livre de um Barrabás e de um Pilatos na minha caminhada.
*Este artigo estou dedicando a Érica Albuquerque, minha estudiosa nora, que recentemente defendeu, brilhantemente, sua tese de doutorado sobre o “Julgamento de Jesus Cristo”.
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